[crime ferpeito]

O novo filme de Álex de la Iglesia é quase um filme vendido. No bom e no mau sentidos. O universo que o diretor imprimiu ao longo de tantos anos continua em expansão e parece ter chegado às personagens mais comuns, mais próximas, menos esquisitas. De certa forma, isso abre o leque de la Iglesia, que pode trabalhar novas possibilidades, mas me parece que o cineasta titubeou em suas apostas criativas.

O filme mais comum do diretor recorre à mesma fórmula dos anteriores, sem qualquer tradução para o novo ambiente. Começa com as esquisitices cotidianas, mas logo se mostra incapaz de se sustentar apenas nisso. Surgem os elementos anárquicos, libertários/libertinos, e, sobretudo, fantásticos, que cabiam bem mehor em Ação Mutante (93) ou O Dia da Besta (95).

Talvez seja exigir revolução demais para alguém com um estilo tão fechado, tão definido, mas, embora o filme tenha momentos hilários, atores que convencem em papéis tão difíceis para quem não acredita neles, e que seja um filme cuja prdem seja subverter regras de longas de suspense (há uma série de homenagens a Hitchcock) ou de comédias descerebradas (há uma série de homenagens a Jerry Lewis), me pareceu que o diretor rodou o filme com o pé no freio, quase acomodado com o que já conquistou. Mas talvez seja bobagem minha. Talvez isso seja amadurecimento.

[crime ferpeito ]
direção: Álex de la Iglesia.
roteiro: Jorge Guerricaechevarría e Álex de la Iglesia.
elenco: Guillermo Toledo, Mónica Cervera, Luis Varela, Fernando Tejero, Kira Miró, Enrique Villén, Alicia Álvarez, Alicia Andújar.
fotografia: José L. Moreno. montagem: Alejandro Lázaro. música: Roque Baños. desenho de produção: Arturo García Otaduy. figurinos: Paco Delgado. produção: Di Girolamo, Gustavo Ferrada e Álex de la Iglesia. site oficial: crime ferpeito. duração: 105 min. crimen ferpecto, Espanha/Itália, 2004.

nas picapes: [say yes, elliott smith]

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