Dark Star é o filme de estreia de John Carpenter. Um filme datado, barato, com efeitos toscos, nonsense e quase esquizofrênico. Mas é um dos longas mais brilhantes que eu vi nos últimos anos. O cineasta passeia pela fronteira do kitsch e da comédia simplista, mas tem mais subtextos do que dá pra descrever, geralmente travestidos de bobagem. Dark Star é uma crítica ferrenha aos militares, ao autoritarismo e ao imperalismo dos EUA: a função os astronautas é eliminar planetas instáveis. Ao mesmo tempo, é um dos melhores filmes a explorar os efeitos do isolamento dos astronautas. Há várias cenas que trabalham isso, em especial aquela em que eles estão no quarto.
Mas o diretor apresenta todas as estas situações sob o ponto de vista do ridículo, numa espécie de manifesto transviado contra as guerras. E, no meio desse humor estranhíssimo e anti-climático, Carpenter nos entrega a cena do poço do elevador, que chacoalhou meus traumas e dá uma pista da linha que o cineasta seguiria em seus filmes seguintes. A sequência final do filme coloca a aparente esquizofrenia do filme nos eixos ao criar uma bomba inteligente que entra em conflito com seus operadores e ganha vontade própria. Dark Star é o filme mais esquisito de John Carpenter e uma obra-prima sem par, que provavelmente passa despercebida diante de olhares pouco atentos.
Dark Star
[Dark Star, John Carpenter, 1974]
John Carpenter é mestre em realizar grandes filmes com poucos recursos. Não vi Dark Star ainda, mas depois dessa sua crítica elogiosa vou correr atrás.
Também adoro o John Carpenter, mas os filmes mais recentes dele não têm me agradado muito.
Eu ia falar do O’Bannon, mas terminei sem encaixá-lo no texto. Ele interpreta um dos astronautas.
Pra mim Carpenter é um grande cineasta, possui várias obra-primas e até hoje não entendo como ele não é reconhecido. Até os seus filmes menores como Fantasmas de Marte e Vampiros possuem algo de interessante.
Gosto de Dark Star, o roteiro é do Dan O’Bannon falecido no final do ano passado e responsável por Alien, A volta dos Mortos Vivos e Força Sinistra. Mesmo assim, acho Assalto a 13 DP é a primeira obra-prima “carpiteriana”.
Abraços.
Marlonn, preciso rever o “Eles Vivem” logo! Vi, mas já faz tempo.
Demofilo, não sei sobre o filme novo dele. Pra mim também só falta ver um, mas o último, “Fantasmas de Marte”.
Nossa, resenha animadora! Sou o maior fã do John Carpenter que eu conheço (rs), já vi todos os filmes dele… Exceto justamente esse. Mas o tenho aqui na prateleira. Um dia desse arrisco uma olhada. E o novo filme dele, sai ou não sai esse ano? Sabe alguma coisa, mr. Fireman?
Não vi Dark Star, mas o texto me fez lembrar de “Eles Vivem”, outra maravilha do Carpenter.