QUANDO O CLICHÊ FAZ A DIFERENÇA
O melhor de Do Jeito Que Ela É é quando o filme tenta não surpreender
O plot é de uma obviedade só: a filha rebelde que saiu de casa e prepara um almoço de Ação de Graças para a família depois que descobre que a mãe está morrendo de câncer. Tramas (ou dramas) familiares, mea culpa, me interessam, mas os estereótipos pincelados logo no início do filme já me deixaram com um pé atrás. A narrativa se desenvolve sobre uma montagem paralela: Katie Holmes tenta arrumar um vizinho amigo para assar o seu peru depois que o forno quebrou e encontra seres estranhos no prédio onde um vive, num bairro barra-pesada de Nova York. Enquanto isso, seus pais, irmãos e avós colocam o pé na estrada para seguir a seu encontro.
Filmado com câmera digital, o roteiro vai tentando criar situações menos óbvias, o que gera muita bobagem engraçadinha ou esquisitinha de filme independente norte-americano. A discussão sobre as diferenças é tosca, mas há momentos interessantes no filme, sobretudo graças a Patricia Clarkson, que, apesar dos muitos clichês do texto que precisa proferir, se mostra uma grande atriz. O mais curioso é que Do Jeito Que Ela É (mais um nocaute no bom gosto dos tradutores de títulos brasileiros) só tem sucesso quando aposta no óbvio. A cena final, filmada como um álbum de fotografias, é o chavão supremo, mas não deixa de ser eficiente.
DO JEITO QUE ELA É
Pieces of April, Estados Unidos, 2003.
Direção e Roteiro: Peter Hedges.
Elenco: Katie Holmes, Patricia Clarkson, Derek Luke, Oliver Platt, Allison Pill, John Gallagher Jr., Alice Drummond, Lillias White, Isiah Whitlock Jr., SisQo.
Fotografia: Tami Reiker. Montagem: Mark Livolsi. Direção de Arte: Rick Butler. Música: Stephen Merritt. Figurinos: Laura Bauer. Produção: Alexis Alxanian, John S. Lyons e Gary Winick.
nas picapes: Alec Eiffel, Pixies.