Estamos Juntos é um filme que carece. De habilidade, em sua tentativa de retratar o isolamento típico do morador de São Paulo. De substância, em dar corpo ao drama de sua protagonista. De consistência, em incorporar a questão social à trama que propõe. O novo longa de Toni Venturi quer dar conta de mais coisas do que consegue. Joga em muitas frentes e termina é mais ou menos em todas.

Leandra Leal, que é uma grande atriz, aproveita todas as brechas para partir para o contra-ataque. É sua interpretação que garante os momentos em que o filme parece mais coeso, mas mesmo assim seus esforços não são recompensados pela direção, frouxa, que deixa escapar o peso de cenas importantes, como aquelas em que a protagonista tenta contar seu problema. Tudo parece batido no liquidificador.

Cauã Reymond é um adorno ao filme. Ele acerta e erra na composição do amigo gay. Sai no saldo, mas o roteiro não desenvolve o personagem , mesmo que o objetivo fosse retratar como ele é raso. O argentino Nazareno Casero entrega uma participação irritante que vira comédia (ruim) quanto tenta fazer drama. Débora Duboc é mal aproveitada e é difícil se decidir sobre se o personagem de Lee Taylor. Na maioria das vezes, parece uma ideia espertinha. Só isso.

O argumento parece ter mais culpa na história do que a direção. O maior pecado do roteiro de Hilton Lacerda, que já assinou os “engajados” Amarelo Manga e Baixio das Bestas, é o “núcleo de gente diferenciada”, que parece colado à trama principal com fita crepe velha. A tentativa de encontro dessas linhas narrativas é forçado, didático, sem liga.

Apesar disso tudo, dá pra perceber uma tentativa sincera de Toni Venturi de contar uma história mergulhando na cidade grande. Pena que ficou na intenção.

Estamos Juntos EstrelinhaEstrelinha
[Estamos Juntos, 2011, Toni Venturi]

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4 comentários sobre “Estamos Juntos”

  1. É realmente uma pena que não tenham explorado a angústia da protaginista de maneira apropriada. Era a parte mais interessante do filme. Leandra Leal, sensacional. Ela, apenas.

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