Kd Vc?
[Marti, R U There, David Verbeek, 2010]
A proposta de unir vida real e games pafrecia interessante, mas o filme não explora a virtualidade nem para compor a trama, bem qualquer nota. O protagonista desiludido com seu mundo e encantado pelo exótico é a mais clichê das histórias. Não deu certo.
Des Hommes et des Dieux
[Des Hommes et des Dieux, Xavier Beauvois, 2010]
A princípio, segue as normas do que se espera de um filme sério francês, com muita observação do cotidiano dos personagens, monges missionários enviados para a Argélia. Mas o diretor Xavier Beauvois, contando uma história real, transforma o projeto numa obra poderosa sobre o direito de duvidar e o dever de proteger. Michael Lonsdale, como o frei médico está deslumbrante. É ele quem dá o pontapé para a cena mais bonita e importante do filme, quando, no ápice da crise, todos estão reunidos à mesa. Um momento em que música e rostos em close falam mais do que qualquer outra coisa.
A Vida Durante a Guerra
[Life During Wartime, Todd Solondz, 2010]
É uma pena constatar que muita gente ainda cai nas armadilhas de Todd Solondz, um diretor cujas limitações temáticas irritam a cada novo trabalho. Aqui, como em praticamente toda sua filmografia, Solondz, num filme-painel, tenta compor um retrato da imbecilidade norte-americana, mas faz isso sempre explorando o ridículo de uma maneira gratuita travestida de humor engajado. É como um Michael Moore fazendo ficção nonsense. Solondz ri de suas próprias criaturas tortas. Ver gente como Allison Janney e Ally Sheedy, ressucitada, no meio desta bobagem é constrangedor. Nem a presença de Paul Reubens, o Pee-Wee Herrmann salva o filme do desastre.
Anfetamina
[Amphetamine, Scud, 2010]
O cinema gay precisa realmente se reinventar. Esse longa de Hong Kong atira para todos os lados para tentar simular uma proposta diferente de contar uma história de amor: apela para uma montagem supostamente ousada, mas na verdade truncada e quase incompreensível, insere elementos nonsense ou fantásticos do nada e esquece de dar textura aos personagens e acabamento ao roteiro.
Curling
[Curling, Denis Côté, 2010]
É como se o cinema indie norte-americano dos personagens esquisitos e solitários tivesse sido emprestado para o vizinho Canadá. A construção visual tem seus encantos, mas o vazio da vida dos personagens se confunde com um projeto de filme que não se assume muito bem.
Cópia Fiel
[Copie Conforme, Abbas Kiarostami, 2010]
Apesar deste filme seguir a lógica da carreira e das temáticas de Abbas Kiarostami – identidade, observação do cotidiano – , é estranho ver um filme seu tão ocidentalizado, com a presença de Juliette Binoche, que ganhou o prêmio de melhor atriz em Cannes. O longa começa como um blablablá sobre o dueto original x cópia, mas a trama assume essa discussão em sua própria estrutura e o Cópia Fiel vira um jogo com os simulacros sob o disfarce de melodrama matrimonial. Está longe de ser um dos melhores filmes do diretor, mas é um de seus mais curiosos.
Interessante o que você disse sobre Solondz. COnsidero-o um artista do texto, apesar de concorda contigo que ele é meio limitado. Ainda não conferi este novo trabalho dele, mas pretendo.
Aproveitando: CADÊ A LISTA DA MOSTRA?!?!
Um forte abraço.