Woody Allen

Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos EstrelinhaEstrelinha
[You Will Meet a Tall Dark Stranger, Woody Allen, 2010]

Nos últimos anos, Woody Allen ressucitou. Alternando belos dramas shakespeareanos (Ponto Final e O Sonho de Cassandra) e comédias escrachadas (Scoop e Tudo Pode Dar Certo) estava acertando em amior ou menor grau em todos seus projetos. Por conta desta sequência inspirada é que seu último filme seja uma decepção. O texto é frágil e parece ecoar alguns de seus filmes mais banais. É um projeto pequeno, mas parece pequeno demais. Do elenco, apenas Gemma Jones se destaca com a mulher abandonada pelo marido e que se apoia nos conselhos de uma vidente charlatã. No mais, Anthony Hopkins não convence como a persona de Woody, Josh Brolin não é Michael Caine e Naomi Watts parece perdida.

Chang-dong Lee

Poesia EstrelinhaEstrelinhaEstrelinha
[Shi, Chang-dong Lee, 2010]

Os poemas que a protagonista deste filme compôs com tanta espontaneidade e inocência provavelmente nunca serão lidos. Essa provocação do diretor deixa ainda seu longa ainda mais melancólico. À primeira vista, este filme parecia mais um daqueles orientais dedicados a investigar a beleza da pureza, mas Poesia vai além do que o título sugere. Embora haja gorduras em seus 140 minutos, consegue fazer uma ponte eficiente entre as duas linhas narrativas percorridas pela personagem, seu curso para escrever poemas e seu movimento para encobrir os pecados do neto. A mudança de tom no final é um bela surpresa.

Paolo Virzi

A Primeira Coisa Bela EstrelinhaEstrelinhaEstrelinhaEstrelinha
[La Prima Cosa Bella, Paolo Virzì, 2010]

Fazia tempo que um filme não me chorar tanto no cinema. Mas ao contrário do que possa parecer, este melodrama italiano não tem nada de dramalhão. A Primeira Coisa Bela é apaixonante justamente porque o drama do homem que guarda traumas do passado parece muito fiel à vida real. Os diretores conduzem o filme com tanta leveza que fica fácil comprar a ideia pronta de que cada um atravessa determinadas situações da sua maneira. Os atores estão inspirados, especialmente Stefania Sandrelli, maravilhosa num papel reduzido. As cenas de redenção – sem o peso da redenção, na verdade – são belíssimas e completamente banais.

Neil Jordan, Colin Farrell

Ondine EstrelinhaEstrelinha
[Ondine, Neil Jordan, 2009]

O novo filme de Neil Jordan começa curiosíssimo, brincando com fábulas, amarrando sua história a essa ideia. Colin Farrell é o homem do mar que literalmente pesca uma mulher misteriosa, que sua filha, ótima, acredita ser uma selkie, uma espécie de mulher-foca das lendas escocesas. Enquanto leva a brincadeira a cabo, Jordan compõe um material melancólico interessantíssimo embalado por uma canção do Sigur Rós e um clima de inverno eterno que só perde a força quando a vida real toma posse da história.

Achero Mañas

Tudo o que Quiseres EstrelinhaEstrelinha
[Todo lo que Tú Quieras, Achero Mañas, 2010]

Esse melodrama espanhol tem uma primeira metade bastante convincente, trabalhando com a perda de uma maneira bonita. Mas no meio do filme, o diretor resolve apostar numa ideia bizarra para chacoalhar a trama. Consegue esconder seus êxitos com a mudança de foco, deixando todas as questões acerca dos personagens ofuscadas.

Michael Rowe

Ano Bissexto EstrelinhaEstrelinha
[Año Bisiesto, Michael Rowe, 2010]

México, gente. Lembra do Iñarritu e seus roteiros “chocantes”? Pois é, o diretor aqui resolve vencer pelo grotesco. E terminou ganhando o Camera d’Or em Cannes. A história de sua protagonista, refém de sua própria solidão, ia bem até que o filme promove uma virada apoiada na exploração de imagens de masoquismo e submissão. O novo “material” consegue se inserir bem à narrativa, mas à medida que o filme avança, os afetos se acirram e o explícito toma às rédeas com o intuito bastante claro de chocar. A radicalidade do discurso final ainda me confunde: até que ponto se consegue atender seus desejos?

Julio Medem

Um Quarto em Roma EstrelinhaEstrelinha
[Room in Rome, Julio Medem, 2010]

Onde será que foi parar o bom diretor de Os Amantes do Círculo Polar e Lucía e o Sexo? Julio Medem, que já havia pisado na bola com Caótica Ana, resolveu entregar um projeto fechado que explora os limites do ridículo. De verdade. Tudo é conduzido para que o espectador não apenas duvide do filme, mas o ache uma piada. A plateia desistiu de se queixar dos diálogos farsescos das duas protagonistas que resolvem passar a noite juntas num hotel em Roma e resolveu gargalhar de tudo. O que eram risos nervosos no começo da projeção virou uma reação legítima diante da “brincadeira” proposta por Medem, que num jogo de identidades falsas invade a fronteira do kitsch, radicalizando algumas escolhas feitas em seu filme anterior. Ele parece pouco se importar em que o público não compre sua história. O cineasta parece bem mais interessado em levar sua experiência até o fim.

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