[festival do rio – boletim três]

[fui! ]
direção: Miguel Albaladejo.

Volando Voy, 2005. Uma bela surpresa! Albadadejo já tinha dirigido o simpático A Primeia Noite de Nossas Vidas, ou algo assim, mas aqui conseguiu provar que amadureceu. A personagem central, um menino de 11 anos que virou assaltante perigoso nos anos 80, personagem real, já era um prato cheio, mas o diretor conta sua história num misto de entretenimento e emoção, sem pieguice e sem pena do protagonista, clichê de biografias. Bons atores, em especial o pequeno furioso Pera, e um tratamento técnico de primeira.

Com Borja Navas, Fernando Tejero, Mariola Fuentes, Àlex Casanovas.

[mundo novo ]
direção: Emmanuelle Crialese.

Nuovomondo, 2006. Filme-irmão do América, de Gianni Amelio, este é ainda melhor. As inserções de realismo fantástico, ainda que não incomodem, são desnecessárias. O filme deveria se centrar mesmo na bela história que conta, que abrange desde a crítica político-social ao drama familiar. O elenco é todo bom, com destaque para Gainsbourg e Amato, perfeitos. A dupla de garotos é a mesma do filme anterior de Crialese, o belo Respiro, de quem este filme guarda a herança de belas imagens. São imagens pontuais, não se trata de uma fotografia exibicionista: uma das mais lindas é a da partida do navio, quando as multidões se separam.

Com Charlotte Gainsbourg, Vincenzo Amato, Aurora Quattrocchi, Francesco Casisa, Filippo Pucillo.

[el topo ]
direção: Alejandro Jodorowsky.

El Topo, 1971. Confesso que saí cansado da sessão deste filme porque Jodorowsky faz um pastiche interminável durante a longa duração de El Topo. Há algumas cenas memoráveis, como a priemira imagem, sensacional: um pistoleiro a cavalo, com o filho de sete anos – pelado, só com chapéu e botas – na garupa, segue pelo deserto. Mas o que impera é uma tentativa de se fazer cômico em excesso, o que a meu ver prejudica o filme, que emula desde os velhos caubóis aos westerns spaghettis, passando inclusive pelo Brancaleone de Moniccelli. O resultado é que, se você não embarcar de vez, você não embarca mesmo.

Com Alejandro Jodorowsky, Brontis Jodorowsky, Mara Lorenzio, Robert John, Alfonso Arau.

[the host ]
direção: Bong Joon-ho.

Gue-Mool, 2006. Um filme coreano de monstro é o melhor que eu vi até agora no festival. The Host é surpreendente. Além de ser um delicioso herdeiro dos filmes orientais de ação e terror, é uma afiadíssima crônica/crítica ao militarismo, às guerras, ao terror biológico e ao imperalismo de qualquer governo. Ao mesmo tempo em que joga o espectador numa ação interminável, apoiado numa trilha sonora maravilhosa, montagem corretíssima e num texto afiado, do humor à crítica, tem atores cativantes que assumem com dedicação a tarefa de fazer um filme-família.

Com Byun Hee-bong, Song Kang-ho, Park Hae-il, Bae Doo-na, Ko A-sung.

[fando y lis ]
direção: Alejandro Jodorowsky.

Fando y Lis, 1967. Deu até tiroteio no final da sessão. Ops, da sessão em que este filme estreou, no Festival de Acapulco há quase quarenta anos. A odisséia do casal-título em busca da cidade mitológica-paradisíaca de Tar bebe da fonte de personagens bufões/assustadores/grotescos dos filmes de Fellini. As inserções musicais são engraçadas, mas o absurdo em excesso é cansativo, mesmo para um filme curto.

Com Sergio Klainer, Diana Mariscal, María Teresa Rivas.

Comentários

comentários

11 comentários sobre “[festival do rio – boletim 3]”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *