Não importa se você é dos que amam ou dos que odeiam Darren Aronofsky. Não faz a menor importância o que você pensa sobre Pi (1998) ou Requiém para um Sonho (2000) ou se ficou feliz ou arrasado com os cancelamentos de seus contratos para fazer o filme dos Watchmen ou o projeto Batman: Ano Um. Tudo porque eu desejo o seu bem e você tem que me prometer que não vai se enganar pelo novo projeto do diretor. Fonte da Vida é uma catástrofe absoluta, um filme que me surpreendeu. Por não ter recebido todas as vaias que merece.
Eu, se fosse você, e tivesse aquele viés espírita escondido, tratava de assassiná-lo porque , das duas uma, ou você acha acertadamente que aquilo que se vê na tela é tudo uma grande patetada (ora ingênua e estúpida, ora gananciosa e perversa) ou, e acho que essa possbilidade tem mais chances de acontecer, suas crenças podem deixar com que você olhe com um certo carinho para um tema tão interessante quanto os planos de existência e a evolução do nosso espírito imortal.
Eu realmente concordo que o assunto guarde seu interesse, mas, você há de convir (ou não, mas aí é com você), que a metafísica barata e a filosofia de botequim – que, creia, é pior do que a das obras de Kim ki-duk – de que Aronofsky impregna o filme não é a maneira mais adequada para abordá-lo. E você gostava do Hugh Jackman como Wolverine, mas aqui ele tirou férias da arte de interpretar. De tão obcecado, o personagem dele parece ser uma metáfora do diretor, querendo fazer um filme destes. A Rachel Weisz, mais sabida, mal aparece.
Mas se fosse apenas um desperdício de texto e de tempo, Fonte da Vida seria apenas um filme ruim entre tantos outros. No entanto, esse cenário se agrava com o tom brega que domina cada frame do filme, seja no(s) romance(s) ou na execução dos efeitos visuais, os mais horrendos que eu tive a oportunidade de assistir. Um mau gosto megadimensionado, megalomaníaco que tenta vender um filme assustador de tão ruim – e, o pior, um filme pérfido por tentar cooptar o espectador para seu embuste.
[fonte da vida ]
direção e roteiro: Darren Aronofsky, baseado em estória de Darren Aronofsky e Ari Handel.
elenco: Hugh Jackman, Rachel Weisz, Marcello Bezina, Alexander Bisping, Ellen Burstyn, Mark Margolis, Cliff Curtis, Sean Gullette, Donna Murphy, Ethan Suplee, Sean Patrick Thomas.
fotografia: Matthew Libatique. montagem: Jay Rabinowitz. música: Clint Mansell. desenho de produção: James Chinlund. figurinos: Renée April. produção: Arnon Milchan, Iain Smith e Eric Watson. site oficial: Fonte da Vida. duração: 96 min. The Fountain, Estados Unidos, 2006.
nas picapes: [superstar, sonic youth]
Me sinto até inibido de dizer isso aqui mas gostei muito do filme. De verdade. Me envolvi e emocionei com a história. Escrevi sobre o filme lá no blog.
pro filme finalmente poder ter uma defesa:
eu gostei.
Eu finjo que não ouvi.
Vou falar baixinho… mas eu não achei tão ruim o filme.
Mas eu ainda acho que quem assinaria a versão não seria a banda Calypso, mas um pool de diretores formado por Jorge Vercilo, Ana Carolina e José Augusto, saído da criogenia.
“Esse filme é o que eu esperaria de uma adaptação de “2001 – Uma Odisséia no Espaço” feita pela banda Calypso.”
Esse comentário do Diego foi engraçado, hein.. Quer dizer, se eu não tivesse tanto respeito e reverência pelo filme do Kubrick iria achar mais engraçado ainda. Hehehe
O comentário da “liga” foi meu.
Há paralelos mesmo entre a personagem do Jackman e o Surfista, mas não são tão grandes assim…
Por quais filmes, Marcelo?
Márcio
O Francis me disse que o Jackman parece uma versão esculhambada do Surfista Prateado e que este deve ser o pior filme já feito (e eu achando que quem rivalizava pelo título eram David Fincher, Frank Darabont e Jean-Pierre Jeunet).
Hahahahahahah…