Antes de ser empregada para descrever uma neurose que provoca instabilidade emocional, a palavra histeria foi utilizada para designar uma suposta condição médica, diagnosticada apenas em mulheres e que seria causada por perturbações no útero. Durante anos, a “doença” foi pesquisada e tratada por psicólogos e médicos, como mostra o filme de Tanya Wexler, uma espécie de documento de época atrapalhado, em que o tom de comédia parece zombar do assunto.

A diretora não tem uma carreira das mais expressivas. Em 14 anos, fez apenas três filmes. Somente com seu último trabalho, Histeria chamou alguma atenção. Não por causa de um talento especial atrás das câmeras, mas devido a um personagem pitoresco que aparece no registro histórico que a cineasta tenta fazer: por causa do tratamento da histeria, aconteceu a invenção do vibrador.

Como o filme relata, no fim dos anos 1800, alguns médicos da época masturbavam as pacientes como tratamento sério para conter os tais distúrbios que causariam a “doença”, diagnóstico que deixou de existir apenas nos anos 50. Um deles, percebeu que a terapia poderia funcionar melhor com um instrumento que vibrasse. O registro é válido, mas um assunto delicado como esse merecia um tratamento, no mínimo, mais sofisticado.

No entanto, a diretora parece estar muito mais interessada em fazer um filme popular e conduz o longa como se estivesse fazendo piada numa mesa de bar, julgando a postura tanto dos médicos quanto das pacientes. Como não leva muito a sério o material, Wexler pode deixar o espectador na dúvida sobre a veracidade de alguns fatos. O elenco cheio de bons atores (Maggie Gyllenhaal, Jonathan Pryce e um irreconhecível Ruper Everett) não aumenta nem diminuiu as raras qualidades do filme.

Histeria Estrelinha
[Hysteria, Tanya Wexler, 2011]

Texto publicado originalmente no Uol.

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