A princípio, Homens e Deuses segue as normas do que se espera de um filme político francês, com muita observação do cotidiano dos personagens. Os monges missionários estão instalados numa Argélia dos anos 90, época em que o país está rachado por uma guerra civil. O diretor Xavier Beauvois gasta muito tempo na construção da relação de duas mãos entre os monges e o local em que eles executam sua “missão”.

O ritmo de contemplação pode incomodar, mas é fundamental para estabelecer os conflitos internos dos personagens – que servem de contraponto para os conflitos do próprio local. São esses dilemas interiores que despem os monges de suas túnicas. A partir deles, os homens se sobrepõem a crenças e religiões e precisam enfrentar suas próprias limitações.

O cineasta, contando uma história real, transforma o projeto numa obra poderosa sobre o direito de duvidar e o dever de proteger. O elenco tenta materializar essa dicotomia, mas é o personagem de Michael Lonsdale, deslumbrante como o frei médico, quem dá o pontapé para a cena mais bonita e importante do filme. No ápice da crise, todos estão reunidos à mesa. Um momento em que música e rostos em close falam mais do que qualquer outra coisa.

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[Des Hommes et des Dieux, Xavier Beauvois, 2010]

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2 comentários sobre “Homens e Deuses”

  1. Um dos filmes mais poderosos que assisti em muito tempo. E além da cena da ceia dos monges, a cena do coral destes ‘contra’ o helicóptero é muito linda e simbólica tb…

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