Omar Sy, François Cluzet

Nos últimos anos, dificilmente apareceu uma trama mais propensa a navegar pelo oceano dos clichês do que a de Intocáveis. O filme, baseado numa história real, nos apresenta a um milionário ranzinza que ficou tetraplégico e contrata um jovem imigrante irresponsável como enfermeiro. Com um ponto de partida como este, os diretores/roteiristas Olivier Nakache e Eric Toledano tinham um prato cheio para criar uma narrativa edificante cheia de maneirismos sobre duas pessoas diferentes que se transformam depois que se encontram.

Mas a suspeita gerada pela sinopse se esvai logo depois da primeira seqüência, que revela o diferencial do filme sobre os outros do gênero, o bom humor. Ao invés de recorrer ao melodrama, caminho natural para uma história como esta, os cineastas, numa atitude ousada para um filme ‘de doença’, preferem seguir a linha da comédia dramática, desconstruindo a abordagem tradicional, provocando os personagens e vez por outra invadindo a área do politicamente incorreto. O resultado é que o filme ampliou seu público-alvo, o que  explica o monumental sucesso de bilheteria no país de origem.

A decisão de não explorar o acidente que deixou o personagem tetraplégico já demonstra o foco diferenciado do filme, que acerta ao encontrar um ponto de equilíbrio entre a ironia e o respeito para tratar temas delicados, como o amor e o sexo dos deficientes. A escalação de François Cluzet e Omar Sy é bem acertada. Os dois criam personagens fortes, fugindo do clima de piedade e autocomiseração que impregna esse tipo de material. Foi Sy, por sinal, que tirou o César (o Oscar francês) de melhor ator de Jean Dujardin, por O Artista.

Intocáveis EstrelinhaEstrelinhaEstrelinha
[Intouchables, Olivier Nakache e Eric Toledano, 2011]

Comentários

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2 comentários sobre “Intocáveis”

  1. Olha, eu tava mesmo pensando que esse seria um filme bem oportunista sobre uma relação de amizade entre opostos, mas me surpreendi. Algumas situações ainda me parecem um tanto bobas, algumas piadas não funcionam bem, mas é um filme bem espirituoso. E apesar de gostar muito do Sy, ainda prefiro o equilíbrio entre o austero e o bon vivant do Cluzet.

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