SAVANA INTERIOR

Caroline Link promove uma viagem pelas desilusões de uma família em seu último filme

Lugar Nenhum na África fica melhor ao assisti-lo sem muitas expectativas. A diretora Caroline Link não animou muito com seu longa anterior, A Música e o Silêncio, um filme chato e cheio de clichês de um cinema europeu que quer ser belo e delicado. Teve que ir para o continente mais pobre do mundo para fazer um filme mais rico. A história da família alemã, que foge de seu país e se autoexila na África pouco antes da Segunda Guerra, é conduzida como uma história de solidão. Solidão a dois. Na figura da esposa-mãe bem interpretada por Julianne Köhler, centra-se a discussão sobre o fim do amor e a manutenção de uma relação cujo fim parece ter se anunciado há tempos. Link conduz seu filme com equilíbrio entre a boa profundidade nos diálogos, provavelmente fornecidos pelo romance autobiográfico em que se baseia o roteiro, e o ritmo ágil. A diretora abre mão do óbvio ao não explorar a África como paraíso exótico de costumes esquisitos, mas contar o dia-a-dia dos membros da família exilada. Explora os espaços vagos, o vazio interior, a falta de perspectiva, a evaporação dos sonhos de uma vida idealizada. Os personagens são bem definidos, redondinhos e mudam o tempo todo, o que é muito bom. O mergulho mais íntimo impressiona quem só conhecia a bobagem do filme anterior. Lugar Nenhum na África é uma bela surpresa. Bem mais do que se poderia esperar.

LUGAR NENHUM NA ÁFRICA
Nirgendwo in Afrika, Alemanha, 2001

Direção e Roberto: Caroline Link, baseado no romance de Stefanie Zweig.

Elenco: Julianne Köhler, Merab Ninidze, Sidede Onyulo, Matthias Habich, Lea Kurka, Karoline Eckertz, Gerd Heinz, Hildegard Schmahl, Maritta Horwarth, Regine Zimmermann, Gabrielle Odinis e Bettina Redlich.

Fotografia: Gernot Roll. Montagem: Patricia Rommel. Direção de Arte: Susann Bieling e Uwe Szielasko. Música: Niki Reiser, com música adicional de Jochen Schmidt-Hambrock. Produção: Bernd Eichinger, Peter Herrmann e Michael Weber.

nas picapes: What Would Brian Boitano Do, Eric Cartman, Kyle Broflovski e Stan Marsh.

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