Essa tática não é nova: uma suposta história real (um casal abandonado em alto mar), uma câmera digital e muito terror psicológico. Mar Aberto tem até uma dupla de criadores, no melhor estilo A Bruxa de Blair (Daniel Myrick e Eduardo Sanchez, 99). Chris Kentis e sua esposa Laura Lau dividem direção, produção, montagem, fotografia e roteiro. Muita coisa para uma dupla de estreantes. Muito conveniente para quem precisava chamar atenção. Deu certo: foram milhões de dólares em caixa e a fama de um filme realmente original, intrépido, que não faz concessões a padrões hollywoodianos ou finais conciliadores. Mas Mar Aberto tem bem menos a oferecer do que aparenta. Primeiro porque nunca chega a se aprofundar na briga do casal, que é o que motivaria todo o filme. Essa briga parece, inclusive, que nunca existiu. Não há tensão ou discussão entre os dois. E é aí que o longa parece cansado desde seu nascimento. Os diálogos não sustentam as limitações do cenário único. A originalidade vira justificativa solitária para a preguiça que domina no contar da história. Tem susto? Até tem, mas poderia ter mais. E tudo parece muito mais sem sentido (e aqui fica clara a intenção de espetacularizar a tragédia) quando os créditos revelam o final. Naufrágio com maquiagem (ou sem) de filme independente.

Mar Aberto EstrelinhaEstrelinha½
[Open Water, Chris Kentis, 2003]

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