MEU TEMPO É HOJE – PAULINHO DA VIOLA

Chegou a hora de pensar pra que serve mesmo um documentário. Hoje em dia, parece que documentário é bombril, utilidade não falta. Quer dar sua opinião sobre uma coisa, faça um documentário (Tiros em Columbine, Michael Moore, 2002). Quer contar uma história, faça um documentário (A Captura dos Friedman, Andrew Jarecki, 2003). Quer fazer uma homenagem, faça um documentário (Buena Vista Social Club, Wim Wenders, 1999). Este filme de Izabel Jaguaribe é do último tipo. Meu Tempo é Hoje é uma homenagem carinhosa a Paulinho da Viola, sem dúvida um dos maiores compositores da música brasileira. E, nos moldes do longa sobre os esquecidos cubanos, tenta recuperar a história, a música de Paulinho da Viola.

A estrutura quer ser descompromissada, conduzida com brincadeira e informalidade, mas existe uma visível produção de praticamente quase todas as cenas mostradas. Da conversa com a família à visita à livraria, que abre o filme, tudo é programado. Isso sem falar nos clipes que permeiam o documentário. Isso parece um defeito – e é. Mas alguma coisa acontece no coração quando se assiste ao filme. Talvez seja a encantadora figura que é Paulinho da Viola, talvez seja sua maravilhosa obra. Eu realmente não sei. Apenas posso dizer que passei noventa minutos esperando pra ouvir Foi Um Rio Que Passou em Minha Vida, que, destino reservado aos hinos, só aparece no final. E até chegar lá foi lembrar das viagens para casa do meu avô, dos discos antigos, de como o samba podia ser mágico quando ainda era samba. Então, suportar a prisão inventiva do roteiro assinado por Zuenir Ventura ou o comodismo estético de um programa do GNT foi fácil. Porque existia um grande herói na tela. E foi delicioso continuar com ele até o final.

Meu Tempo é Hoje – Paulinho da Viola
Meu Tempo é Hoje – Paulinho da Viola, Brasil, 2003.
Direção: Izabel Jaguaribe.
Elenco: Paulinho da Viola, Marisa Monte, Zeca Pagodinho, Zuenir Ventura, Amélia Rabello, Elton Medeiros, Marina Lima, Nelson Sargento.
Roteiro: Izabel Jaguaribe, Zuenir Ventura e Joana Ventura. Produção: Beto Bruno, Mauricio Andrade Ramos e Videofilmes. Fotografia: Flávio Zangrandi. Edição: Joana Ventura e Izabel Jaguaribe.

Comentários

comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *