Psicose
[Psycho, 1960, Alfred Hitchcock]
Adianta, 51 anos depois, dizer que este é filme revolucionário? Hitchcock apresenta uma protagonista e a mata depois de meia hora. Janet Leigh tem um tempo reduzidíssimo, mas consegue dar complexidade ao papel, enquanto Hitchcock usa esse primeiro ato para seus exercícios de cinema. O jogo entre Marion Crane e o policial é o maior exemplo. Tenso e sem um take fora do lugar. Embora o impacto da figura da mãe tenha envelhecido, a cena do chuveiro ainda é uma coisa linda. Assim como, o segundo assassinato, na escada. A aparição de Norman Bates para o personagem de Vera Miles é assustadora, sobretudo pelo usa da música de Bernard Herrmann, quase um codiretor. Sua trilha quase se impõe sobre as cenas, dá sua exata medida, tom, intensidade. E Anthony Perkins, frágil, afetado, desmoronando, é um rei. A explicação final, que sempre me pareceu excessiva, desta vez não só me convenceu, como me pareceu necessária de tão bem encenada.
Os Pássaros
[The Birds, 1963, Alfred Hitchcock]
Os Pássaros é o filme mais sensorial de Hitchcock. As cenas sem diálogos usam o som – afetado, assustador – como mola propulsora e o resultado é bárbaro. Por sinal, todas essas cenas, longas e memoráveis, parecem dirigidas por um sádico porque Hitchcock faz com elas levem o espectador ao limite do pânico. O diretor não parece se importar com o excesso. Tudo está um tom acima e a ideia parece ser essa mesmo: perder a medida. Os efeitos visuais, que hoje podem parecer simples demais, provam isso. A tecnologia necessária para criar imagens perfeitas não existia, mas isso não segurou Hitch e ele partiu, mais uma vez, para a invenção. E criou cenas assustadoras.
Topázio
[Topaz, 1969, Alfred Hitchcock]
Quase não lembrava de Topázio, que é uma ótima aventura na Guerra Fria, com Hitch escondendo quem é seu protagonista por mais de meia hora, deslocando seu cenário como raramente fez e e evitando rostos conhecidos. Este filme é sempre considerado menor na filmografia do diretor – e não deixa de ser – mas revela um interesse de Hitchcock pelo que acontecia no mundo. A cena no hotel dos cubanos revela uma visão preconceituosa do cineasta, mas é filmada com maestria. E o filme inteiro parece um filme B. Delicioso, isso. Gosto muito de toda a seqüência em Cuba, longa, que quebra o filme no meio, totalmente inesperada. Topázio ganha muito com esse pequeno caos.
Como eu queria ter visto ao menos um desses em película…
que beleza de lista, chico.
ainda não conferi Topázio, vou anotar 🙂
cadê Um Corpo que Cai?
Inveja. Essa é a única coisa que posso dizer.
Já assisti todos estes filmes, mas vê-los no cinema deve ser uma experiência ímpar.
E parabéns pela cobertura. Hitchcock merece.
Abração, meu caro!
onde estão Pacto Sinistro, Janela indiscreta, O homem que sabia demais, Um corpo que cai e Intriga internacional? faltou uma parte 5, não?