Impulsividade, de Mike Mills.

Tem a melancolia e a inquietação que falta em Hora de Voltar. O grande trunfo é não saber muito bem para onde ir e usar isso em seu favor. Passa raspando nos clichês do cinema-indie-para-festivais norte-americano, mas quase sempre sai com inteligência destas armadilhas. Lou Pucci é ótimo, assim como o garoto que faz seu irmão e Tilda Swinton, mas é Vincent D’Onofrio, no melhor papel pós-Nascido para Matar, quem está brilhante. Bela trilha.

Boa Noite, e Boa Sorte., de George Clooney.

Com um tema como este (história real, fato político-histórico), outro cineasta faria um filme de três horas, mas George Clooney fechou o seu na metade deste tempo. Curioso que ele pareça ter muito mais (não numa avaliação aborrecida) por causa da quantidade de material que ele apresenta. Clooney se aproveita com precisão de imagens, depoimentos, entrevistas, gerando um longa quase documental, mas econômico e direto, com fotografia habilidosíssima e boa montagem. David Strathairn está fantástico.

Winter Soldier, do Winterfilm Collective.

Como documento histórico, é bastante interessante embora a distância do fato (a Guerra do Vietnã) e a precariedade visual (quase tudo é plano fechado nos depoimentos dos soldados arrependidos) não consigam segurar os 100 minutos de projeção. O John Kerry é um dos soldados, mas esqueceram de indentificá-lo no filme, assim como o resto dos militares.

Trilogia – O Vale dos Lamentos, de Theo Angelopoulos.

A fotografia rivaliza com a de O Mundo como a melhor do ano. A cada cena, o diretor grego nos brinda com algum arrebate visual. Durante as três horas do filme, há pelo menos uns vinte momentos assim. A história serve de alegoria para a entrada da Grécia no século 20, uma época em que aquela que foi a cultura hegemônica do mundo se isolou num só país, em guerra civil. Como é a primeira parte de uma trilogia de um grego sobre a Grécia, consegue um abismo de superioridade sobre Dogville e Manderlay, por exemplo.

Comentários

comentários

2 comentários sobre “Mostra SP 2005: dia 1”

  1. Sobre “Impulsividade”. Fiz um comentário no blog sobre a trilha sonora – que acho sensacional. Escrevi que as músicas apresentam tons melancólicos, coisa que não poderia ainda afirmar sobre o filme. Mas, como você mesmo disse, esta está presente na tela… então já é um ponto para eu acabar gostando mais do filme.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *