O cinema britânico urbano dos anos 90 tem muitos momentos de pura elucubração intelectualóide, mas há um grande cineasta que se destaca nesse meio, narrando as vidas de pessoas pobres e comuns. Mike Leigh, que desconfigurou famílias nas obras-primas caseiras Segredos e Mentiras (96) e Agora ou Nunca (02), começou a mostrar o que o faz o mais competente cineasta da Inglaterra contemporânea em Nu (93).

O filme é uma obra em movimento. David Thewlis interpreta um homem sem lar e sem perspectivas que estupra uma mulher e foge, invadindo e mudando os rumos das vidas de várias pessoas que encontra. Thewlis vira carrasco, bálsamo, incitador, vítima, dependendo de quem cruza seu caminho. Parece um anjo/demônio boêmio que vem para provocar reações.

Sua jeito rude com uma mulher de meia-idade que se exibe na janela contrasta com seus conselhos metafísicos para o vigilante que a olha. Nu despe o espectador e o libera de procurar por coerência narrativa. O que importa aqui é investigar almas.

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[Naked, Mike Leigh, 1993]

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