VIDAS SEM RUMO

Novo filme de Daniel Burman acompanha personagem à procura de explicações

E Ariel entra em cena para apresentar seus coadjuvantes: homens e mulheres que trabalham na galeria onde esta a loja que ele toma conta junto com a mãe. Herança de um pai que partiu para uma guerra da qual nunca mais voltou, deixando-o ainda bebê. Não voltou porque não quis. Para Ariel, sobrou o ressentimento e uma queda para a abstração. Ele não consegue gostar da vida que leva e acha que aproveitar sua ascendência polonesa pode mudar alguma coisa.

Quem gosta de fazer associações pode enxergar que Daniel Burman, que mais uma vez se associa ao ator Daniel Hendler, utiliza as nebulosas perspectivas de seu protagonista para alegorizar a falta de perspectivas de seu país. Câmera na mão, caminha com Ariel pelas ruas de uma Buenos Aires que não está nos cartões postais. Desfila um caos coordenado de personagens entre a conformação e a apatia. Ou cujo grande movimento de suas vidas perdeu o significado num estalar de dedos. O filme é montado em capítulos que obedecem certa ordem cronológica, mas não seguem padrões estrturais. Falta explicação. Falta fechar as arestas. É justamente esse caos que faz de O Abraço Partido um belo filme.

O ABRAÇO PARTIDO
El Abrazo Partido, Argentina/França/Itália/Espanha, 2004.

Direção: Daniel Burman.

Roteiro: Daniel Burman e Marcelo Birmajer.

Elenco: Daniel Hendler, Adriana Aizemberg, Jorge D’Elía, Sergio Boris, Rosita Londner, Diego Korol, Silvina Bosco, Isaac Fajm, Melina Petriella, Atilio Pozzobon, Mónica Cabrera, Franco Tirri, Luciana Dulizky, Eloy Burman, Juan José Flores Quispe, Francisco Pinto, Eduardo Wigutow, Arnoldo Schmidt, Catalina Cho, Pablo Kim.

Fotografia: Ramiro Civita. Montagem: Alejandro Brodersohn. Música:: César Lerner. Direção de Arte: Maria Eugenia Sueiro. Figurinos: Roberta Pesci e Natalia Zubeldía. Produção: José María Morales. Site Oficial: www.ocean-films.com/lefilsdelias.

rodapé:

Eu saía de um filme chato. Era uma sessão de meia-noite no Espaço Unibanco. O cabelo prateado (ou algo assim) me chamou atenção. Ela estava numa mesa de bar, a única que ainda restava. A mesa se dividia em núcleos de conversa. Ereta, dava uma tragada num cigarro. Os dois que estavam ao seu lado conversavam entre si. Quando eu passei, ela me olhou. Elke Maravilha sorriu pra mim.

nas picapes: Dura na Queda, Elza Soares.

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