O EXTERMINADOR DO FUTURO: A REBELIÃO DAS MÁQUINAS

John Connor não pediu o destino que tem: ser o líder da revolta humana contra as máquinas, que no futuro vão dominar a Terra. Connor sabe quem vai ser desde pequeno. Agora ele está cansado de se esconder. O terceiro filme da série O Exterminador do Futuro investe nos personagens. Esse é, talvez, seu maior trunfo. Geralmente subordinados às truncagens e efeitos especiais nos filmes do gênero, aqui os personagens ditam as regras, apesar das sufocantes cenas de exibição de tecnologia. T3 aposta num John Connor adulto e falível.

Prato cheio para Nick Stahl, um dos atores mais talentosos que Hollywood produziu nos últimos tempos, ótimo em uma quase ponta (Entre Quatro Paredes, 01), excelente num filme medíocre (Bully, 01). Stahl assume o papel no lugar do bom Edward Furlong, cujas desculpas para o afastamento do projeto vão desde o desinteresse do ator até seu envolvimento com drogas. Se Furlong era uma bela revelação em 91, Stahl é um belo ator doze anos depois. Seu John Connor ganha traços mais profundos. O roteiro, bem escrito, ajuda. Nele, o robô de Arnold Schwarzenegger é um mero coadjuvante. Ele volta mais uma vez do futuro para proteger Connor. Desta vez, o inimigo é uma mulher: a exterminadora T-X, sexy, bonita e destruidora.

O roteiro de T3 aumenta as possibilidades da história, que ganha mais uma grande personagem, Katherine Brewster, que ganha vida na pele da ótima e sumida Claire Danes, que parece aqui ganhar uma chance de reativar sua carreira. Ela ocupa a vaga de heroína deixada por Linda Hamilton, cujo papel de mãe do salvador foi exterminado da saga. A falta de seu personagem era apenas um dos indicativos de que T3 seria uma bomba. James Cameron não estava no projeto, Furlong tinah pulado fora e o filme parecia um golpe de Schwarzenegger para salvar sua filmografia do ostracismo que tomou conta de seus últimos trabalhos. Tudo piorou quando se anunciou que o musculoso queria se candidatar a governador da Califórnia. Era para entrar no cinema esperando uma bomba. E se surpreender.

O filme não se limita aos dois filmes anteriores e, se não se firma como clássico, é uma continuação eficiente. As novas possibilidades de formatação do futuro da Terra são revelantes e bem explicadas. É um ótimo filme de ação e ainda discute questões mais científicas em seu script. T3 só peca na tentativa de humanizar o robô (Arnold Schwarzenegger poderia ficar com os momentos de humor do roteiro, bem engraçados) e no discurso da seqüência final, mas é digno da estirpe de um filme que antecipou, ainda que timidamente, em 15 anos o que Matrix (99) parecia propor. É bem mais do que se espera de um filme com Arnold Schwarzenegger. A gente se vê no quarto episódio. Hasta la vista, baby.

O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas
Terminator 3: Rise of the Machines, EUA, 2003
Direção: Jonathan Mostow.
Elenco: Nick Stahl, Claire Danes, Arnold Schwarzenegger, Kristanna Loken, David Andrews, Mark Famiglietti, Earl Boen, Moira Harris, Chopper Bernet, Christopher Lawford, Carolyn Hennesy, Jay Acovone.
Roteiro: John D. Brancato e Michael Ferris, com base na história dos dois e de Tedi Sarafian, com os personagens criados por James Cameron e Gale Anne Hurd. Produção: Matthias Deyle, Mario Kassar, Hal Lieberman, Joel B. Michaels, Andrew G. Vajna, Colin Wilson. Fotografia: Don Burgess. Direção de Arte: Jeff Mann. Edição: Neil Travis e Nicolas De Toth. Música: Marco Beltrami, com canção do Blue Man Group. Figurinos: April Ferry.

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