O Guerreiro Silencioso

Valhalla Rising engana fácil. Tem clima de grande épico, mas é um filme fantasmagórico. A trama parecia girar em torno de um guerreiro viking, se transforma numa Cruzada e, numa metamorfose insinuada lentamente, vira numa jornada sem rumo. O diretor Nicolas Winding Refn criou um projeto arriscado: um épico praticamente sem batalhas, quase mudo, com personagens vagando sem direção. O resultado deve frustar a maioria que pode se interessar pelo filme pela ação que não existe ou pela mitologia nórdica que mal é citada, mas me pareceu instigante.

O filme, anti-climático, é a mais radical desromantização das Cruzadas que eu vi no cinema. Nada que lembre de longe aquela tentativa rasa de criar um filme político-religioso sobre o assunto, como fez Ridley Scott. Aqui, o diretor trabalha muito mais numa arena existencialista e leva seus personagens com ele. A violência existe. Na maior parte das cenas em que há violência, ela é brutal – e muito bem filmada. Mas são poucos esses momentos. O filme, no geral, é um exercício de contemplação. Quase não há ação.

Uma sequência, na virada da primeira hora do filme, é o melhor exemplo para como todos os personagens estão completamente perdidos num lugar sem nome. Chega a ser angustiante. Mas talvez o mais impressionante seja a construção visual de Valhalla Rising. A fotografia, mesmo cheia de filtros, coisa que eu costumo não gostar, é uma obra-prima na criação de quadros. Há pelo menos uns quinze momentos de beleza sublime em que a tela parece pintada. Mas todos eles servem ao roteiro; são fundamentais para a criar a ambientação do filme. Um filme sobre a busca incessante por um sentido.

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[Valhalla Rising, Nicolas Winding Refn, 2009]

Comentários

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28 comentários sobre “O Guerreiro Silencioso”

  1. Ora ora! parece que o Sr. M.Cipriano é um grande entusiasta do cinema conceitual, me parece entendido. O problema dele é não sacar muito de história da humanidade: como podem guerreiros vikings “cristãos” terem vivido 3000 anos antes de Cristo? Essa sublime inteligência é que dá motivos para as piadas sobre portugueses nas terras tupinikins, como ele mesmo citou.
    Pois… o filme tinha tudo pra ser, mas não foi. Que seja conceitual, que tenha poucas falas, que seja cinema arte… mas seja alguma coisa. O filme não é nada! Não passamos a conhecer os personagens, não entendemos a trama (se é que existiu), não nos encontramos na história (talvez entre a primeira e a segunda cruzada (o que certamente não foi a 3000 anos antes de Cristo), enfim… tirando as primeiras cenas, o filme foi horrível! Ah, da próxima, M.Cipriano, vai ler um livro de história.

  2. Ao contrário das opiniões desfavoricidas ao filme (que ao meu ver o Brasil está muito longe de “entender” um filme simples e complexo ao mesmo tempo).
    O costume dos comedores de pipoca em só assistir o “pop” hollywoodiano, tira quaisquer possibilidade de um filme realmente bom ser um sucesso nestas terras…
    Não deveria explicar o filme para aquele que ainda irá assisti-lo, mas para que a película não seja mais prejudicada pela ignorancia tupiniquim darei um pista.
    Esqueça “gladiador” e outros nesta mesma “teórica”, tente comprender a condição humana a cerca de 3 mil anos antes de Cristo…
    Em uma época que a vida não valia praticamente nada…
    Onde a forma de se impor perante a uma sociedade daquele tempo era ditada a base da espada…
    Não havia romantismo naquele tempo e tão pouco heroismo…
    Erma povos bárbaros e sem quiaquer discernimento sobre o certo ou o errado baseadas somente em suas crenças míticas…

    A partir desse momento você que irá assistir a esse conceitual filme ja estará livre das opiniões absurdas e descabidas aqui postadas…

    tenha uma boa “diversão”.

  3. Gosto muito de cinema e não poderia deixar de ver este filme . Este filme é a história de um guerreiro criado para matar e seu dono ganhar dinheiro em apostas .Só que ele consegue fugir e matar todos que o escravisavam ,sem opção e nem lugar para ir acaba seguindo um grupo de Vikings cristãos (ele mata guase todos) que tem como destino Jerusalém .Mas durante um nevoeiro se perdem e vão a uma Terra de Indios que mata o próprio guerreiro que se sacrifica para salvar um garoto que o alimentava quando ele era escravo.
    É mais uma das milhares historias sobre as Cruzadas que deram errado.Como iria ter dialogo em um filme traduzido como GUERREIRO SILENCIOSO com um olho e mudo !!!!!!!!!!!!!
    ACHEI ÓTIMO !!!!!!!!!!!

  4. Filme lerdissimo e muito bizarro, não tem objetivo e os poucos dialogos do filme são perdidos aqui e acolá e sem contexto

    sai de lugar nemhum e chega a lugar algum
    mais valia ter feito um slideshow com o filme

    que por sinal tem uma ambientação lindissima, mas é só

  5. Em 2008, eu estava numa van, fazendo turismo nas Highlands, quando cruzamos com outra van, da mesma empresa, em sentido contrário. Enquanto os motoristas se cumprimentavam com acenos, reparei no cabelão e na cara de nórdico vidrado do motorista da outra van. Aí o da nossa disse que o da outra tinha recém-atuado como figurante em um filme de vikings: “… chama-se Valhalla Rising or something — I only know it’s got Valhalla in the title”. Foi meu primeiro contato com o filme. Espero que haja outros!

  6. Eu assisti o filme, achei que seria do estilo de “Gladiador” ou “Cruzada”, mas num segundo momento, pensei que o filme fosse tratar da “lenda” do Valhalla, uma lenda nórdica, que seria equivalente ao “paraíso” que os guerreiros muçulmanos creem encontrar após a morte em combate.
    Resumindo, nem uma coisa nem outra encontrei no filme, Muito paradão, pouca ação e uma história meio sem pé nem cabeça, assisti duas vezes o filme para tentar entendê-lo.
    Para quem gosta de um filme tipo “viagem” é uma boa pedida, do contrário, se gosta de um história que você consiga resumir facilmente, ou de fácil compreensão, “abandona” !!
    É o filme que você precisa assistir e passar horas para conseguir achar um sentido.
    Ele cria uma expectativa por ser dividido em 6 partes, cada uma com um título diferente, isso vai criando uma expectativa, fora isso, o filme acabou e cheguei até a pensar que o DVD estivesse com problema, mas quando vi os créditos no final, cheguei a seguinte conclusão, após 88 minutos de filme:

    UÉ….ACABOU ????? RSRSRSRSRS….

    Quem quiser se arriscar…assista !

  7. Valeu pela crítica. Esclarecedora!

    Mas assim, fiquei na dúvida se vale ou não a pena ver o filme.
    Filme paradão, lento, humm, sei não!

    Voce aconselha assistir ou não quer se arriscar?

    Voce me parece crítico e conhecedor profundo de cinema. É meio suspeito, pois entende bastante e, a gente, nada!

    Que dizeis?

    Agradeço antecipadamente!

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