Valhalla Rising engana fácil. Tem clima de grande épico, mas é um filme fantasmagórico. A trama parecia girar em torno de um guerreiro viking, se transforma numa Cruzada e, numa metamorfose insinuada lentamente, vira numa jornada sem rumo. O diretor Nicolas Winding Refn criou um projeto arriscado: um épico praticamente sem batalhas, quase mudo, com personagens vagando sem direção. O resultado deve frustar a maioria que pode se interessar pelo filme pela ação que não existe ou pela mitologia nórdica que mal é citada, mas me pareceu instigante.
O filme, anti-climático, é a mais radical desromantização das Cruzadas que eu vi no cinema. Nada que lembre de longe aquela tentativa rasa de criar um filme político-religioso sobre o assunto, como fez Ridley Scott. Aqui, o diretor trabalha muito mais numa arena existencialista e leva seus personagens com ele. A violência existe. Na maior parte das cenas em que há violência, ela é brutal – e muito bem filmada. Mas são poucos esses momentos. O filme, no geral, é um exercício de contemplação. Quase não há ação.
Uma sequência, na virada da primeira hora do filme, é o melhor exemplo para como todos os personagens estão completamente perdidos num lugar sem nome. Chega a ser angustiante. Mas talvez o mais impressionante seja a construção visual de Valhalla Rising. A fotografia, mesmo cheia de filtros, coisa que eu costumo não gostar, é uma obra-prima na criação de quadros. Há pelo menos uns quinze momentos de beleza sublime em que a tela parece pintada. Mas todos eles servem ao roteiro; são fundamentais para a criar a ambientação do filme. Um filme sobre a busca incessante por um sentido.
O Guerreiro Silencioso
[Valhalla Rising, Nicolas Winding Refn, 2009]
Entendi que One Eye foi comparado á Odin, deus supremo da cultura viking, conhecido principalmente como deus da morte e da guerra.
Em uma das curiosidades do filme, conta que o diretor se inspirou em uma pedra rúnica para construir o filme.
Na língua nórdica antiga Odin significava “louco”, “violento” e os cristãos faziam questão de dar ênfase a essas características. No entanto, quando sacrificou seu olho em nome da sabedoria mergulhando na fonte ele passa a ser atribuído com “sensibilidade”, “alma. Sendo assim renasceria pela sabedoria.
Quando One Eye se sacrifica pelo menino ele estaria indo para Valhala e provavelmente os homens que o açoitam estavam fazendo o papel das Valquírias.
Talvez o silêncio e os “flash’s”no orienta para que prestemos atenção ao que se passa dentro de nós, materializando respostas que estão em nosso subconsciente. Por isso durante a trama, alguns momentos a respeito sobre o que ele é e sobre o destino do guerreiro fique subentendido.
Uau, Diana, você arrasou!
Assisti ao filme e achei maravilhoso, imperdível. Um claro exemplo de um diretor que não visa puramente o lucro, mas fazer cinema como uma manifestação da arte.
Infelizmente, procuramos sentido para as coisas da vida. A pergunta é: é necessário haver sentido? Muitas vezes a Filosofia é mal entendida porque queremos a ela dar sentido; a Fé é mal entendida certamente por querermos a ela dar sentido também.
Tentem assistir ao filme sem dar um sentido, sem dar objetivo… apenas apreciar, talvez seja essa a “mensagem”, o que é muito difícil compreender.
na verdade nós não tentamos dar sentido à filosofia ou à religião, mas
utilizamos a religião e filosofia para dar sentido a todas as outras coisas.
Olá a todos,
A crítica não pode ser baseada numa frustração de desejos.Desejos estes, de encontrar mais um filme (réplica de outras obras facilmente divulgadas)que pode ser interpretado à luz da consciência e digerido pela razão.
POR ISSO O FILME NAO É PARA TODOS, FATO!
Mas para aqueles, que gostam de pensar e sentir. Percebe que há um contexto não linear mas recortados, e que pode ser montado no final. “Conhece jesus? ele morreu, para nos libertar da dor e nos salvar… Ora, o que one eye fez?
Olá!
Bem, acabei de assistir o filme (faz uns 5 minutos)
Sinceramente, poderia dizer q gostei e nao gostei
Gostei pq gosto de algo nao mt convencional, e nao gostei pq simplesmente nao entendi nda da historia do filme!
Um adjetivo pra descrever o filme? “estranho”, eu diria
Ótima resenha. Explicou bem a obra. Concordo com tudo. A fotografia é belíssima. A direção de arte também, assim como o som e a trilha sonora. Fantástico. Um filme de verdade, com identidade de direção.
Abs!
O melhor de tudo é ler os comentários dos “entendidos”… O filme é fraco, bom, parado, q seja, se eu assisti e gostei.
E ver filme não é se arriscar, arriscar é transar sem camisinha, seus nerds.
Olá pessoal!
Achei o filme interessante. é do meu gosto ver algo diferente do convencional.
Respeito a opinião de todos. Gosto é Gosto.
Masvenho corrigir uma informação que esta gerando discussão:
O filme não se passa em 3000 antes de cristo e sim 100 anos depois do seu nascimento (1000 AD) A denominação A.D., abreviação de anno Domini (“no ano do Senhor”), delimita os anos posteriores ao nacimento de Cristo, também conhecido como Era Cristã.
Fonte: http://www.imdb.com/title/tt0862467/
Muito boa Nilton! Odeio essa síndrome de “sou cult”! De fato, o povo brasuca não está preparado para a beleza do cinema, principalmente se você levar em conta quantos milhares de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza, a nossa posição no ranking do IDH! Por outro lado, sou totalmente adepto da idéia do homem cordial, mas acho que menosprezar o “povo tupiniquin” em um forum sobre cinema demonstra bem a estirpe do referido interlocutor. Fato é que esse filme deixa muito a desejar. tentei me desprender dos estigmas, assim como faço todas as vezes em que assiti um filme do Von Trier’s, mas não deu para engolir! Ainda que considerarmos a proposta existencialista do filme, ela foi extremamente mau trabalhada. O filme é fraco, monótono, sem sentido, além de cercado de acontecimentos aleatórios que, sequer, conseguem ilustrar qualquer sinal de trama.
Não vale a pena conferir!
De fato, a única coisa que se tem ao assitir o filme é angústia! Sorte que ele é curto!
Por fim, não posso me quedar inerte e deixar de indagar: só os documentários podem se dar ao luxo de ter uma estória?
Saudações bravos cinéfilos…. que nossos olhos continuem sãos; assim podermos ter, pelo menos, a possibilidade nos decepcionar este tipo de filme!
Nilton, filme é filme, não é história. Fosse assim, teríamos um documentário. O filme não procura traduzir um período, retratar nada além das angústias dos personagens.