O Operário

Parece, mas não é

Desvendar a mente humana: ô trabalho complicado. O Operário é a prova de que David Lynch, um grande detetive com essa especialidade, prestou um desserviço ao dar corda para diretores e roteiristas pouco afeitos à originalidade. O roteiro de Scott Kosar se apropria com tanta cara-de-pau de conceitos e idéias dos filmes de Lynch, que fica impossível ter compaixão por sua pobreza de conteúdo. A tática de moldar a realidade à maneira da mente da personagem seria até interessante se não parecesse tanto com Cidade dos Sonhos (Lynch, 2001), sem o décimo do talento, e com a franca intenção de parecer original, único, novo.

O visual arrojado de filme-que-quer-significar-algo-e-usa-fotografia-azulada-e-montagem-espertinha-e-música-fúnebre não consegue nenhum efeito. Christian Bale está de parabéns pela sua devoção ao papel-título: largou os quilos de músculos adquiridos à epóca do equivocado Psicopata Americano (Mary Harron, 2000) em troca de um visual esquelético-anoréxico realmente assustador (aliás, única coisa realmente assustadora num filme que se pretende como terror psicológico). Pena que a dedicação do ator, esforçado, mas sem um pingo de talento e lotado de caricatura, seja para um trabalho tão medíocre.

O OPERÁRIO
The Machinist, Espanha, 2004.
Direção: Brad Anderson.
Roteiro: Scott Kosar.
Elenco: Christian Bale, Jennifer Jason Leigh, Aitana Sánchez-Gijón, John Sharian, Michael Ironside, Larry Gilliard Jr., Reg E. Cathey, Anna Massey, James DePaul, Matthew Romero Moore, Craig Stevenson.
Fotografia: Xavi Giménez e Charlie Jimenez. Direção de Arte: Alain Bainee. Música: Roque Baños. Montagem: Luis de la Madrid. Figurinos: Maribel Pérez. Produção: Julio Fernández. Site Oficial: O Operário. Duração: 102 min.

rodapé: o novo disco dos Whites Stripes é muito bom – mais um! O novo disco do Beck é bem chatinho igual ao pior dele, Midnite Vultures.

nas picapes: Little Ghost, The White Stripes.

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