[no sofá]

[o tiro certo ]
direção: Monte Hellman.

O western talvez seja o gênero cinematográfico mais fechado, com regras mais definidas. O Tiro Certo, minha primeira experiência com Monte Hellman, dedica-se, sem alarde, a negar quase todas elas. A primeira quebra é a da narrativa clássica. Não existe preocupação com começo, meio e fim. Tudo o que importa é o que a câmera mostra naquele exato momento. Não há explicações anteriores e os objetivos e as intenções das personagens são tão misteriosas quanto aquele que o grupo persegue. A estranheza da estrutura permanece até o fim do filme, numa linha reta, em tempo corrido, onde os adendos de elenco são os únicos movimento no que poderíamos chamar de trama. Hellman não se interessa por um desfecho propriamente dito, mas pelo caminho até ele, pelo efeito do cenário nas personagens, onde cada plano parece significar muito mais do que mostra. Onde a câmera está tão viva quanto quem ela acompanha.

[réquiem] Shohei Imamura morreu hoje. De todos seus filmes, vi os mais conhecidos, A Balada de Narayama (83) e A Enguia (97), ambos vencedores de Cannes, mais Black Rain, a Coragem de uma Raça, lindo, e Água Quente sob Ponte Vermelha. Ele ainda dirigiu um dos episódios do coletivo 11 de Setembro.

Comentários

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18 comentários sobre “[o tiro certo]”

  1. Eu vi no Telecine Emotion, há alguns anos (mais uma atuação brilhante do Warren Oates, imenso ator). Se o final de “The Shooting” é chocante, não existem palavras para descrever o de “Two-Lane…”. O outro filme do Hellman que está passando deve ser “Ride in the Whirlwind”, outro western, com o Jack Nicholson (que, se não me engano, assina o roteiro _preguiça de olhar no Imdb) e o Harry Dean Stanton, mas não tão bom quanto “The Shooting”. Mesmo assim, é imperdível também. Tinha pra vender em DVD nas bancas, uma edição bem podrona.

  2. Chico, este filme é maravilhoso, um desses poucos que me deixaram com o queixo caído. Não sei se entra no meu top 20 dos 60, mas é forte candidato. Agora, concordo com o Filipe, “Two-Lane Blacktop” é melhor; se você o vir, certamente entra no seu top5 dos anos 70 (talvez até top 3).

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