Os Pássaros é o filme mais sensorial de Alfred Hitchcock. As cenas sem diálogos usam o som – afetado, assustador – como mola propulsora e o resultado é bárbaro. Por sinal, todas essas cenas, longas e memoráveis, parecem dirigidas por um sádico porque Hitchcock faz com elas levem o espectador ao limite do pânico. Que o diga Tippi Hedren, que fez sua estreia no cinema neste filme e passou por uma experiência traumatizante ao ser submetida a todo tipo de tortura física e psicológica. Mas o cineasta não parecia se importar com o excesso. Tudo está um tom acima e a ideia parece ser essa mesmo: perder a medida. Os efeitos visuais, que hoje podem parecer simples demais, provam isso. A tecnologia necessária para criar imagens perfeitas ainda não existia, mas isso não segurou Hitch e ele partiu, mais uma vez, para a invenção, criou cenas assustadoras e um filme pertubador.
Os Pássaros
[The Birds, Alfred Hitchcock, 1963]