Estamos a oito dias do anúncio dos indicados ao Oscar e a entrega do Globo de Ouro não adicionou coisa alguma à corrida pela estatueta dourada. Todos os favoritos ganharam. Ou quase todos. Nos globos, muito mais do que no Oscar, A Origem poderia ser uma ameaça à vitória do frontrunner A Rede Social em algumas categorias, mas a Associação dos Corresponentes Estrangeiros preferiu o drama sobre a criação do Facebook nos quatro quesitos em que os dois filmes se bateram: filme, direção, roteiro e até trilha sonora. Nos dois últimos, A Origem era uma ameaça real.

O prêmio de trilha sonora para Trent Reznor do Nine Inch Nails, por sinal, ajuda a melhorar a sorte do filme nesta categoria, que é uma das mais caretas do Oscar. Os compositores raramente indicam, muito menos premiam, astros pop neste quesito, além de costumarem ignorar trilhas que fogem do padrão clássico, principalmente quando elas contêm elementos eletrônicos. Eu não acharia estranho se Reznor sequer fosse indicado antes desse prêmio. Agora suas chances são maiores. Mas ganhar já é demais.

Ainda sobre o filme de Christopher Nolan, ele deverá ter mais espaço no Oscar já que deve ser indicado em várias categorias técnicas, setores que os globos ignoram. No entanto, no prêmio da Academia, o único filme que parece ser um concorrente à altura do longa de David Fincher na categoria principal ainda é O Discurso do Rei, embora sua eventual vitória pareça cada vez mais distante. Colin Firth ganhou o prêmio de melhor ator dramático e é o franco-favorito ao Oscar. Paul Giamatti, mesmo vencendo no quesito comédia por Minha Versão para o Amor, tem chances rarefeitas de aparecer na lista do Oscar porque a relação de atores dramáticos deste ano tem muitos nomes fortes.

A disputa entre as melhores atrizes foi quem menos sofreu impacto com o Globo de Ouro. Annette Bening e Natalie Portman concorriam em categorias separadas e venceram. Só a Academia desempata essa disputa: Natalie tem uma interpretação mais esforçada e chama naturalmente mais atenção pelo tipo do papel em Cisne Negro, mas Annette pode se beneficiar pelo efeito “essa é a minha vez” em Minhas Mães e Meu Pai, que já deu Oscars a Sandra Bullock, James Coburn e tantos outros. Eu chutaria Annette hoje.

O Vencedor, que já tinha garantido o prêmio para Christian Bale, que, confesso, sempre me pareceu medíocre, mas entrega um desempenho extraordinário no filme. Bale tem ganho tudo e este me parece o Oscar mais certo deste ano. Melissa Leo, que faz bem o perfil de vencedora do troféu da Academia de melhor atriz coadjuvante (atriz experiente, interpretação forte, papel de mãe) disparou na categoria em que a corrida ainda estava bastante confusa – ela também ganhou o Critics Choice. Mas Oscar e Globo nem sempre se acertam neste quesito.

Toy Story 3, isolado na categoria de melhor animação, levou o prêmio. E a música cantada por Cher, “You Haven’t Seen the Last of Me”, levou o prêmio de melhor canção por Burlesque, derrubando concorrentes fracas em sua maioria. Chegará ao Oscar na liderança, se for indicada, claro. Numa noite de obviedades, a única coisa que se pode chamar de surpresa foi Alejandro Gonzalez Iñarritu ter perdido com seu Biutiful, mesmo sendo muito mais conhecido do que Susanne Bier, que ganhou por Em um Mundo Melhor. Mas estamos falando de filmes estrangeiros e, como bem disse Ricky Gervais, essa é uma categoria para a qual ninguém liga nos Estados Unidos.

vencedores

Filme dramático: A Rede Social
Ator dramático: Colin Firth, O Discurso do Rei
Atriz dramática: Natalie Portman, Cisne Negro
Filme comédia ou musical: Minhas Mães e Meu Pai
Ator comédia ou musical: Paul Giamatti, Minha Versão para o Amor
Atriz comédia ou musical: Annette Bening, Minhas Mães e Meu Pai
Direção: David Fincher, A Rede Social
Roteiro: Aaron Sorkin, A Rede Social
Ator coadjuvante: Christian Bale, O Vencedor
Atriz coadjuvante: Melissa Leo, O Vencedor
Filme estrangeiro: Em Um Mundo Melhor (Dinamarca)
Animação: Toy Story 3
Trilha sonora: Trent Reznor e Atticus Ross, A Rede Social
Canção: “You Haven’t Seen The Last of Me” (Diane Warren), Burlesque

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3 comentários sobre “Oscar 2011: reações ao globo de ouro”

  1. Mas chico,você acha o bale mediocre mas em indomaveis achou boa sua atuação,em batman begins boa,em inimigos publicos boa.talvez tu tinha medo de falar que ele era na sua opnião um ator nota 7 vai,não é? na minha humilde opnião e respeitando a sua acho que ele foi bom em bat begins,o grande truque e o sobrevivente.E foi otimo em tempo de violencia e indomaveis.Vai uma nota 8,5,

  2. Sem muitas novidades, só acompanhou as tendências mesmo. Uma das categorias mais confusas mesmo é a de atriz coadjuvante, que espero algum esclarecimento maior com o SAG Award (se bem que Ruby Dee já venceu aqui…). Acho que Leo e Hailee Steinfeld são as principais apostas, mas me parece que qualquer uma pode ganhar. Na questão de Atriz está acontecendo o que ocorreu com Ator nessa temporada de premiações: havia dois favoritos a princípio (Bening e Franco), que foram dando espaço a novos front runners, Portman e Firth. Mas aqui também acho que o SAG poderá aclarar a situação. Bale nunca foi ator medíocre (se bem que acho justo sua primeira atuação, em IMPÉRIO DO SOL, a melhor de sua carreira), e deverá levar o Oscar. Em canção espero uma seleção mais interessante (com “If I Rise”, “Sticks and Stones”, etc.) no Oscar, e em trilha sonora será interessante ver não só A REDE SOCIAL indicada, mas também TRON: O LEGADO (onde a música do duo Daft Punk é a melhor coisa). Eu já começo a temer que A ORIGEM perca em roteiro original no Oscar para O DISCURSO DO REI (não fosse o Critics Choice!), e Zimmer fique sem seu segundo Oscar. Mas ainda nem saíram as indicações. Está cedo para algumas coisas.

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