“Another Round”, de Thomas Vintenberg, representante da Dinamarca

No meio da pandemia, a Academia fez alterações substanciais nas regras da categoria de filme internacional e anunciou que um número recorde de 93 títulos selecionados por seus países de origem estão na disputa pelo Oscar.

Tradicionalmente, esta categoria segue as seguintes etapas:

– cada país convidado pela Academia seleciona seu representante;
– a Academia anuncia a lista completa de filmes inscritos, geralmente com alguns cortes quando os títulos fogem às regras;
– um comitê formado por voluntários de todas as áreas da Academia (os famosos “velhinhos” da Academia) elege 6 (este ano o número aumentaria para 7) semifinalistas;
– o comitê executivo para filmes internacionais, um grupo menor e mais especializado, “salva” outros 3 filmes para garantir que os principais títulos estrangeiros do ano não fiquem de fora da disputa;
– a Academia anuncia a shortlist da categoria com os 9 filmes (este ano seriam 10), resultado da soma das escolhas dos dois comitês;
– desta shortlist, cinco filmes são eleitos finalistas por todos os votantes.

“Night of the Kings”, de Philippe Lacôte, candidato da Costa do Marfim

O QUE MUDA ESTE ANO

Por conta da pandemia, a Academia quer evitar o encontro do segundo comitê. Esta reunião é presencial por conta de confidencialidade e o grupo define em conjunto os três filmes que devem ser salvos e mantidos na disputa. Este comitê foi criado há alguns anos porque os “velhinhos da Academia”, que tinham tempo livre pra ver os filmes inscritos, rejeitavam títulos mais ousados, violentos ou de cinematografias diferentes, o que engessava a categoria.

Este ano, o comitê maior vai definir todos os títulos da shortlist que, para tentar evitar um impacto negativo na falta de intervenção do comitê executivo, vai ser ampliada não apenas para 10 como previsto, mas para 15 filmes, como acontece na categoria de documentário. Resta saber se o número maior de filmes selecionados vai ser suficiente manter longas mais “artísticos” na corrida. Este ano, para votar neste comitê maior e escolher seus favoritos, cada integrante precisa ter assistido pelo menos 12 filmes no serviço de streaming da Academia.

Todas as shortlists do Oscar 2021, inclusive a de 15 filmes internacionais, vão ser reveladas no dia 9 de fevereiro.

“Babenco – Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou”, de Bárbara Paz, candidato brasileiro

A lista abaixo traz a relação completa dos filmes inscritos, com a indicação dos que já estão disponíveis no Brasil e minha avaliação pessoal em forma de estrelinhas. Três filmes que chegaram a ser apresentados oficialmente por seus países como pré-candidatos foram ignorados sem explicações pela Academia. Outros três foram rejeitados por conterem diálogos majoritariamente em inglês ou pela maior parte de sua equipe ser formada por pessoas que não são do país que fez a inscrição. Destes rejeitados, dois foram substituídos.

O Brasil indicou “Babenco – Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou”, de Bárbara Paz, escolha ousada porque, desde que o prêmio começou a ser entregue, nos anos 1940, apenas três documentários foram indicados nesta categoria.

Suriname, Sudão e Lesoto enviaram candidatos pela primeira vez.

OS 93 FILMES INSCRITOS PARA O OSCAR 2021 DE FILME INTERNACIONAL

África do Sul: Toorbos
Albânia: Open Door ★★½
Alemanha: And Tomorrow the Entire World
Arábia Saudita: Scales
Argentina: Los Sonambulos ★★★

Armênia: Songs of Solomon
Áustria: Quando a Vida Acontece ★★★ – disponível na Netflix
Bangladesh: Sincerely Yours, Dhaka
Bélgica: Filhas da Alegria – disponível no My French Film Festival
Bolívia: Chaco

Bósnia-Herzegovina: Quo Vadis, Aida? ★★★
Brasil: Babenco – Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou ★★★ – disponível no Now, Google Play, Microsoft e Looke
Bulgária: O Pai ★★★ – disponível no Now
Camarões: The Fisherman’s Diary
Camboja: Fathers

“Agente Duplo”, de Maite Alberdi, que representa o Chile

Canadá: 14 Days, 12 Nights
Cazaquistão: The Crying Steppe
Chile: Agente Duplo ★★★½ – disponível na Globo Play
China: Leap ★★
Colômbia: Forgotten We’ll Be

Coreia do Sul: The Man Standing Next ★★★
Costa do Marfim: Night of the Kings ★★★½
Costa Rica: Land of Ashes ★★½
Croácia: Extracurricular
Cuba: Buscando a Casal

Dinamarca: Another Round ★★½
Egito: When We’re Born
Equador: Vacío ★★★
Eslováquia: The Auschwitz Report
Eslovênia: Histórias do Bosque de Castanhas ★★★

Espanha: A Trincheira Infinita ★★½ – disponível na Netflix
Estônia: The Last Ones ★★½
Filipinas: Mindanao
Finlândia: Tove
França: Nós Duas ★★★

“La Llorona”, de Jayro Bustamante, escolhido pela Guatemala

Geórgia: Beginning
Grécia: Apples ★★½
Guatemala: La Llorona ★★★½
Holanda: Buladó
Honduras: Días de Luz

Hong Kong: Better Days ★★★
Hungria: Preparations to Be Together for an Unknown Period of Time ★★★
Índia: Jallikattu ★★★½ – disponível no Prime Video Brasil, com legendas em inglês
Indonésia: Impetigore ★★½
Irã: Crianças do Sol ★★★

Irlanda: Monster
Islândia: Agnes Joy ★★½
Israel: Asia ★★★
Itália: Notturno ★★½
Japão: Mães de Verdade ★★½

Jordânia: 200 Meters
Kossovo: Exílio ★★★
Lesoto: Isso Não é um Enterro, é uma Ressurreição ★★★★
Letônia: Blizzard of Souls ★★★
Líbano: Broken Keys

“Ya No Estoy Aquí”, deFernando Frias, indicado pelo México

Lituânia: Nova Lituânia ★★½ – disponível na Mubi
Luxemburgo: Contos do Rio ★★½ – disponível na Mubi
Macedônia do Norte: Willow
Malásia: Roh ★★★
Marrocos: The Unknown Saint ★★★

México: Ya No Estoy Aquí ★★★ – disponível na Netflix
Mongólia: As Veias do Mundo ★★½
Montenegro: Breasts
Nigéria: The Milkmaid
Noruega: Hope ★★★

Palestina: Gaza Mon Amour
Panamá: Causa Justa
Paquistão: Circus of Life
Paraguai: Matar a un Muerto ★★★
Peru: Canción Sin Nombre ★★★

Polônia: Never Gonna Snow Again ★★★½
Portugal: Vitalina Varela ★★★★
Quênia: The Letter
Quirguistão: Correndo para o Céu ★★★
República Checa: O Charlatão ★★

“Collective”, de Alexandre Nanau, indicado pela Romênia

República Dominicana: A State of Madness
Romênia: Collective ★★★
Rússia: Dear Comrades
Senegal: Nafi’s Father
Sérvia: Dara from Jasenovac

Singapura: Wet Season ★★½
Sudão: You Will Die at 20 ★★★
Suécia: Charter ★★★
Suíça: Minha Irmã ★★½
Suriname: Wiren

Tailândia: Happy Old Year ★★½ – disponível na Netflix
Taiwan: A Sun ★★★ – disponível na Netflix
Tunísia: The Man Who Sold His Skin
Turquia: Milagre na Cela 7 ★★ – disponível na Netflix
Ucrânia: Atlantis ★★★

Uruguai: Alelí ★★★ – disponível na Netflix
Venezuela: Era uma Vez na Venezuela ★★★
Vietnã: Dreamy Eyes

Três filmes foram desqualificados pela Academia. O de Belarus foi eliminado porque a maior parte da equipe do filme não é do país. Os filmes apresentados por Canadá e Portugal saíram porque tem mais da metade dos diálogos em inglês, mas os países substituíram suas escolhas que constam na lista proncipal:

Belarus: Persian Lessons
Canadá: Funny Boy ★★½
Portugal: Listen ★★★½

Três filmes que foram anunciados oficialmente por seus países como pré-candidatos não aparecem na lista final de submissões aceitas pela Academia. Não houve explicações.

Argélia: Héliopolis
Butão: Lunana: A Yak in the Classroom ★★★
Uzbequistão: 2000 Songs of Farida

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4 comentários sobre “Oscar 2021: os filmes estrangeiros”

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