Jeanne Balibar, Sérgio Castellitto

Numa época em que o cinema francês tenta ficar mais pop e ganhar mais espectadores (como em O Fabuloso Destino de Amélie Poulain e Pacto dos Lobos, ambos de 2001), Quem Sabe? pode parecer antiquado. Mas quem conhece um pouco da obra de Jacques Rivette, um dos cinco pilares da Nouvelle Vague, diz que o filme está um passo à frente do seu cinema tradicional: comunica-se melhor com o espectador. Nunca havia visto um filme do diretor e Quem Sabe? me impressionou.

Para a pergunta do título, a resposta é: ninguém. Neste filme, Jacques Rivette coloca seis personagens com vidas cruzadas a questionar suas vidas e motivações. Jeanne Balibar interpreta a estrela francesa de uma trupe de teatro italiana (palmas para a globalização!). Sua volta a Paris, depois de três anos longe, desperta uma série de desencontros e descobertas para muita gente. Rever decisões, caminhos tomados ou sonhos suspensos abala os personagens, que tentam, das mais diversas maneiras, encaminhar suas vidas.

O elenco, encabeçado pela perfeição de Jeanne Balibar, encarna os personagens com a medida necessária, mergulhando nas confusões de cada um. O cineasta abre a colméia e remexe as abelhas como um sinal para o espectador. Para fazer pensar. Rivette reserva para si mesmo o papel de mostrar a situação, mas não interfere nos destinos dos personagens. A seqüência final, perfeita, mostra que olhar para trás revela, mas necessariamente não muda muita coisa.

Quem Sabe? 
[Va Savoir, Jacques Rivette, 2001]

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