No comecinho do ano que vem vai fazer 15 anos que eu brinco de Oscar. Tô é ficando velho. Jamais imaginei que uma brincadeira pudesse durar tanto. Acho que este blogue, em suas mais variadas versões, contribuiu imensamente para esta longevidade. Uma década e meia brincando de apontar os melhores entre os filmes que eu vi, somente no cinema. A lista obedece única e exclusivamente a minha cronologia de filmes vistos, independendo se eles estrearam ou não em circuito naquele determinado ano.

A idéia deste post é fazer um pequeno histórico destes anos todos do Frankie, como eu batizei meu prêmio de melhores. São várias categorias, mas a que vale mesmo é a de ‘filme do ano’. O melhor de todos. É claro que muita coisa mudou nesse tempo todo. A revisão pode matar ou ressucitar um filme. O gosto muda, pra melhor ou pra pior; a gente fica mais elaborado e, às vezes, mais bobo. Mas como história é história, foi essa a que ficou.

 

1993 – Os Imperdoáveis, de Clint Eastwood.

Fiquei fascinado com um filme feito à moda antiga. Tão masculino quanto delicado. Seu maior concorrente foi Cães de Aluguel, de Quentin Tarantino, seguido por O Jogador, de Robert Altman, O Piano, de Jane Campion, e, oram vejam, Como Água para Chocolate, de Alfonso Arau.

 

1994 – Short Cuts – Cenas da Vida, de Robert Altman.

O mosaico de Altman foi o melhor filme do ano, ao lado de A Liberdade é Azul, de Krzysztof Kieslowki, o melhor da trilogia, e Lua de Fel, de Roman Polanski. Não sei se eu já falei aqui, mas eu adoro Steven Spielberg – e A Lista de Schindler entrou no top 5, assim como Forrest Gump, de Robert Zemeckis.

 

1995 – Tempo de Violência – Pulp Fiction, de Quentin Tarantino.

Imagina só: eu com meus 20 anos recém-completados sendo bombardeado por tudo aquilo. Vi três vezes em uma semana! Não tiveram chance para ele Almas Gêmeas, de Peter Jackson, Ed Wood, de Tim Burton, Comer, Beber Viver, de Ang Lee, e Cova Rasa, de Danny Boyle. Meu nome é pop.

 

1996 – Underground – Mentiras de Guerra, de Emir Kusturica.

O mágico deste diretor nunca foi tão mágico num dos mais belos filmes políticos que eu já vi. Na cola dele, Fargo, de Joel (e por que não Ethan?) Coen, Segredos e Mentiras, de Mike Leigh, Trainspotting (eu avisei que eu era pop), de Danny Boyle, e Operação Xangai, de Zhang Yimou.

 

1997 – A Estrada Perdida, de David Lynch.

O melhor filme que eu nunca fiz questão de entender. Concorreram com ele, o igualmente assustador Crash – Estranhos Prazeres, de David Cronenberg, Gabbeh, a fantasia colorida de Mohsen Makhmalbaf, As Bruxas de Salem, de Nicholas Hytner, e A Outra Face, obra-prima do cinema de ação, de John Woo.

1998 – Carne Trêmula, de Pedro Almodóvar.

Que pra mim continua sendo o melhor Almodóvar de todos. Do começo ao fim. Seus colegas de top 5 foram o Quentin Tarantino mais maduro, Jackie Brown, o melhor Steven Soderbergh, Irresistível Paixão, o melhor Paul Thomas Anderson, Boogie Nights, e o melhor – isso mesmo – Oliver Stone, o genial Reviravolta.

1999 – Festa de Família, de Thomas Vintenberg.

O único bom filme do Dogma 95 é um filme feliz na forma e no conteúdo. Deu nó. E mais: o lindo Tempestade de Gelo, de Ang Lee, o lindo Nó na Garganta, de Neil Jordan, Desconstruindo Harry, de Woody Allen, e Além da Linha Vermelha, de Terrence Malick. E eu preciso rever Clube da Luta, de David Fincher, pra saber se eu tava tão errado assim mesmo. Não sei não.

2000 – Fim de Caso, de Neil Jordan.

Absolutamente encantador. Julianne Moore e Ralph Fiennes, ambos, maravilhosos. Ao seu lado, Beleza Americana, de Sam Mendes, Alta Fidelidade, de Stephen Frears, Assédio, de Bernardo Bertloucci, e como eu ainda não tinha crescido, O Gigante de Ferro, de Brad Bird.

2001 – Bem-Vindos, de Lukas Moodysson.

Talvez a maior surpresa de todos estes anos. Um filme do qual não esperava muito e que me arrebatou. Os outros quatro foram: Quase Famosos, de Cameron Crowe, O Novo País, de Geir Hansteen Jörgensen, Infiel, de Liv Ullman, e o primeiro brasileiro finalista, Lavoura Arcaica, de Luiz Fernando Carvalho, visto no meu primeiro Festival do Rio.

2002 – Os Excêntricos Tenenbaums, de Wes Anderson.

Um filme que mora num universo muito próximo no qual eu me escondo de vez em quando. Em segundo lugar, bem pertinho e muito longe, Cidade dos Sonhos, de David Lynch. Completam a lista: Dolls, de Takeshi Kitano, O Senhor dos Anéis: a Sociedade do Anel, de Peter Jackson, e o filme mais triste do mundo, Agora ou Nunca, de Mike Leigh.

2003 – Gangues de Nova York, de Martin Scorsese.

O último dos grandes cineastas norte-americanos narrando o surgimento do seu país ao lado do maior ator do mundo. Um passo atrás, estavam A Última Noite, de Spike Lee, A Viagem de Chihiro, de Hayao Miyazaki, As Confissões de Schmidt, de Alexander Payne, e talvez o melhor filme baseado nos heróis Marvel, X-Men 2, de Bryan Singer.

2004 – Elefante, de Gus Van Sant.

O cinema em espiral, o mundo em espiral, e nós no meio de um tratado sem verdades. Bem pertinho dele, O Pântano, de Lucrecia Martel. E mais: Kill Bill: Vol. 1, de Quentin Tarantino, o documentário brasileiro O Prisioneiro da Grade de Ferro, de Paulo Sacramento, primeiro doc que entra no top 5, e talvez o melhor filme baseado nos heróis Marvel, Homem-Aranha 2, de Sam Raimi.

2005 – Clean, de Olivier Assayas.

No ano mais difícil de todos, um primeiro contato com um diretor disposto a levar sua protagonista para onde ela quiser ir. Outras quatro obras-primas: Antes do Pôr-do-Sol, de Richard Linklater, o grande sequel, Marcas da Violência, de David Cronenberg, Um Filme Falado, de Manoel de Oliveira, e um filme tão genial que não tem prêmio a seu alcance, Reis e Rainha, de Arnaud Desplechin.

2006 – O Céu de Suely, de Karim Aïnouz.

Pela primeira vez, um filme brasileiro leva o prêmio. A volta de Hermila a uma terra natal indesejada me pareceu muito familiar e ganhou uma narrativa única. Seus principais adversários foram o subestimado A Dama na Água, de M. Night Shyamalan, e O Novo Mundo, mais um ótimo Terrence Malick. Completaram a lista O Hospedeiro, de Bong Joon-ho, e Síndromes e um Século, de Apichatpong Weerasethakul.

2007 is still running.

Comentários

comentários

20 comentários sobre “Quinze anos no cinema”

  1. Muito legal a retrospectiva pelos anos, fico pensando como seriam os meus top 5 ano a ano desde que me tornei cinéfilo, e fico imaginando quanta coisa mudou em mim e nos meus gostos de lá pra cá. Acompanhar os frankies em retrospecto definitivamente me levou direto aos anos 90…

  2. putz !
    tu deixou de fora “O Show de Truman” em 1999 !
    “Magnolia” (a verdadeira obra-prima do P.T Anderson) em 2000
    gostei de ver “Lavoura Arcaica” e acho que “Cidade de Deus” cairia bem na lista do seu ano de lançamento…

    Mas no geral foi uma bela restrospectiva !

  3. “Meu nome é pop, mas pode me chamar daquele que adora listas!” haha.. Todos os primeiros lugares são ótimos, com exceção do Kusturica, que ainda não assiti. A partir desse seu top, dá pra perceber como a década tá cheia de bons filmes.

  4. Pips, gosto bastante do “Brilho Eterno”, mas ele não entrou nos meus cinco mais daquele ano não.

    Romeika, por mais que hoje seja óbvio citar “Pulp Fiction”, é óbvio que temos que citar “Pulp Fiction”… hehehe.

  5. Com relacao a “Pulp Fiction”: Imagine eu com meus 13 aninhos de idade sendo bombardeada por tudo aquilo..:-)

    Um dos filmes da minha vida, amo Tarantino. E “Almas Gemeas” foi outro filme inesquecivel daquele ano. Bom, nao vou comentar cada filme que vc citou aqui, nem como foi assistir a cada um deles no respectivo ano ou no seguinte, etc.. Excelente lista, vc tem bom gosto.

  6. Sinceramente achei um post bastante interessante. Minha lembrança quanto aos anos do cinema e o passar deles ainda são rasos pertos dos seus, mas o post de 95 foi ótimo: “Meu nome é pop”.

    Aliás, você não citou o hors concours Brilho Eterno, por quê?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *