Casamento é um exercício de tolerância, mas também pode ser muito legal. É mais ou menos essa a “mensagem” que Sex and the City 2 passa ao longo de seus longos 146 minutos. É, o segundo spin off cinematográfico da série mais “mulherzinha” dos anos 90/2000 é um minuto maior do que a primeira incursão da turma de Carrie Bradshaw em tela grande. E como o primeiro, este também é um filme de “mensagem”, com o casamento, mais uma vez, está no centro da trama mais uma vez. Mais “mulherzinha”, impossível.
Mas seria reducionismo demais afirmar que (a série e) os filmes são apenas isso. Eles são isso e mais uma visão pop e sarcástica dos clichês do universo que celebra. O grande diferencial de Sex and the City sempre foi rir do que qualquer homem costuma classificar como futilidade sem depreciá-la. É a futilidade levada cabo, seja na moda, seja na vida, mas com consciência. Neste segundo filme, isto está claro desde o começo, quando as quatro amigas se reúnem para ir às compras. E com o casamento gay que acontece na sequência seguinte.
É lá que surgem algumas das melhores piadas do filme, com destaque para a particípação de Liza Minnelli: “como eles conseguiram a Liza?”, pergunta Carrie. Eis que Miranda responde: “toda vez que um lugar emana uma energia muito gay, ela dá um jeito de se materializar”. Futilidade + consciência, entendeu? Essa sequência ainda rende outro momento hilariante, o da “jude law”. Pena que a leveza dos primeiros momentos esbarre numa tentative de estabelecer uma trama dramática, que passa basicamente por como Carrie lida com o casamento. Aí, a tal consciência fica mais de lado para o lado “mulherzinha” a aflorar.
As coisas ficam chatas de verdade quando as protagonistas viajam para Abu Dhabi. Aí o colorido das roupas, comentado por Cris Massuyama no post abaixo, cresce à mesma medida que a exploração do exotismo da maneira mais reacionária possível. As primeiras cenas nos Emirados Árabes parecem vídeo institucional do megacomplexo hoteleiro onde as moças ficaram hospedadas e, fora uma cena ou outra, como a do karaokê, onde as quatro cantam “I Am Womam”, pouca coisa se salva. Nem a tentativa de transformar um beijo num problema intergalático.
Por sorte, existe a Samantha Jones de Kim Cattrall. Sua amoralidade, sobretudo em relação a sexo (embora o filme tente vulgarizar a personagem em vários momentos), é a coisa mais interessante desde que a série surgiu. Samantha vai de encontro ao filme, mais careta e conservador do que o primeiro longa. Talvez seja a prova de que qualquer um pode se divertir com 20 minutos semanais de futilidade, mas mais de duas horas de um mais do mesmo que não leva a lugar nenhum não são pra todo mundo. Ainda bem.
Sex and the City 2
[Sex and the City 2, Michael Patrick King, 2010]
Faço minhas as suas palavras “não são pra todo mundo ainda bem” aconselho vc assistir o box inteiro da serie rever o filme 1 e logo depois o 2, mas esquece vc nunca entenderia mesmo ou seja pare de perder tempo indo ao cinema ver duas horas de filmes… de um mais do mesmo… e saiba que coisas do tipo “mulherzinha” ocorre todo tempo, todo dia e com todos os seres humanos até com vc… quer um exemplo assistir e falar de um filme como “Sex and the city” quer coisa mais mulherzinha que essa.
Ainda bem mesmo, Chico.
Sinceramente…. Vocês homens não entendem nada de mulher mesmo… O filme tem piadas, é divertido e mostra compras, sim… Mas aborda questões do universo feminino entre o velho machismo e a mulher moderna. A posição da mulher na sociedade, entre os clichês e tradições, e as conquistas do sexo feminino. Recomendo um livro: “O segundo sexo”, de Simone de Beauvoir. Foi escrito ma década de 1950, mas ainda é muito atual.
Careta, no sentido, de negar o que os “casamentos diferentes” que o filme tenta celebrar desde o começo em prol de um modelo final, feliz, de relação.
eu concordo com algumas partes. rs… o vídeo institucional poderia ser de grifes, de marcas de sapatos… faz parte do negócio. não acho os “dramas” rasos, nem profundos. acho que são reais. natural de boa parte das mulheres. para tantas um simples beijo pode ser, sim, um problema intergalático.
eu só não entendi uma coisa: o que você achou careta?
chico, mulheres podem ser muito loucas nas suas questões mulherzinhas! rs…
e boa parte é, dada a identificação de grande parte do público feminino que fez o sucesso da “marca” sex and the city.
eu também adoro a samantha, acho a personagem mais legal. mas também gosto da carrie. bastante.
beeeijo.
Chico, vi o primeiro filme e gostei – porém, sou fã da série (mesmo assim achei que o primeiro filme destoou bastante do seriado). Acho que a Kim Cattrall tem um timing perfeito pra comédia e a personagem dela é e sempre foi a minha preferida. A Carrie é insuportável.
Não acho que o seriado era só sobre coisas fúteis, como vc diz, mas talvez o filme seja, sim.