Revoluções têm prazo de validade. Lançado há nove anos, Sin City, parceria de Robert Rodriguez com Frank Miller mudou para sempre a tradução de HQs para o cinema. Pela primeira vez – e numa técnica que viria a servir de base para várias experiências futuras – um filme tentou e conseguiu reproduzir o “movimento” de uma história em quadrinhos. Trabalhando com um cenário completamente virtual em mais de 90% das cenas, a dupla encontrou uma forma que ao mesmo tempo era um elogio à arte de Miller quanto era uma adaptação fiel que realmente funcionava no cinema.
Desde aquela época, fala-se de uma possível sequência para o filme e, depois de nove anos e uma série de questões, Sin City: A Dama Fatal finalmente chega aos cinemas. O novo filme, assinado mais uma vez em parceria, obedece à mesma lógica do projeto original: recriar quadro a quadro, com o máximo de fidelidade, as histórias noir concebidas por Miller. O problema é que, no hiato que separa os dois filmes, a tecnologia deu saltos de qualidade, mas o impacto deste segundo longa-metragem é metade do anterior.
Basicamente, Miller e Rodriguez tinham o mesmo objetivo e usaram a mesma fórmula. O fato de o resultado ter sido o mesmo não parecia uma grande surpresa. Se essas novas histórias tivessem sido contadas logo em seguida ao longa original, ainda no rastro da revolução estética que o filme lança, talvez o impacto tivesse sido maior. Quase uma década depois, a expectativa criada era de uma nova revolução e não da mesma revolução requentada.
As histórias não ajudam muito porque perdem muito em comparação ao noir barato do original. A que dá título ao filme é a mais redonda, mas as outras parecem reciclagens do que já vimos. Nenhum personagem – novo ou velho – traz um interpretação da grandiosidade que cerca cada aparição de Mickey Rourke como Marv no primeiro longa. Nenhuma cena, embora haja algumas tecnicamente muito bem construídas, tem algum apelo a mais do que apenas plástico. E, para um filme que é pura tecnologia, ficar preso ao passado é mais fatal do que personagem do título.
Sin City: A Dama Fatal
[Sin City: A Dame to Kill For, Robert Rodriguez & Frank Miller, 2014]
Blá, blá, blá……..não interessa, vou ver Eva Green, Jéssica Alba, etc…e depois falo. Tchau
Vc pode estar certo!
Mas, Eva Green é sempre Eva Green …
Concordo com a crítica. Sin City e 300 foram essenciais na última década para trazer o universo dos quadrinhos para as telas de cinema, mas a fórmula não pode ser mais requentada e sim revigorada. Estamos a espera de uma nova revolução, que ainda não chegou. Pena que outras obras como Wachtmen também foram tão subvalorizadas, apesar de sua grandiosidade no papel. Aguardemos o melhor!!
Quem acompanha as historias criadas em Sin City e não foram apenas duas como nos filmes, foram 7, sabe que o que fascina é o enredo das historias. Papo de tecnologia mais ou menos atual não convence os amantes dos quadrinhos.
Na verdade, não precisava evoluir tanto para mostrar o que o filme pretende, segue-se o mesmo estilo do anterior justamente para isso, para retratar fielmente a HQ e quem leu as HQs de Sin City sabe do que estou falando, por isso o primeiro fez um enorme sucesso principalmente para os fãs de quadrinhos.
A vá… Então uma formula boa e repetida é igual à um resultado ruim?? Pelo que você disse, o filme repete a formula, mas é ruim porque a expectativa das pessoas aumentou ao longo dos 10 anos??? E pra quem nunca viu nenhum dos dois filmes? E pra quem, mesmo sabendo que a formula é a mesma, acha legal? Poxa, ou analisa-se o filme, ou analisa-se o mercado onde o filme foi lançado.
Mas sua analise foi boa e detalhada. Obrigado.
Concordo em parte com o colunista, assisti e achei mais do mesmo, apesar de gostar muito do gênero.
Em minha opinião, assistir este filme é como assistir o “Mercenários 3”: eu já sei o que vai rolar e apenas assisto. Sem preocupações.
Gostei bastante do primeiro e acho que vou gostar do segundo.
Chico, acho que a análise deve ser vista por outro angulo. Sin City é uma série em quadrinhos com diversas histórias, algumas melhores outras piores, mas que segue uma linha estética bem definida em todas elas com algumas ligações de roteiro. A estética adotada no primeiro filme foi excelente agradando ao próprio Miller e aos fãs do quadrinho. Considerando que esse filme faz parte da séria iniciada no primeiro,com mesma direção e tudo, seria incoerente mudar a estética do filme mesmo com o passar dos anos e o avanço da tecnologia. Seria como o primeiro episódio do Game of Thrones ser produzido de um jeito e o segundo de outro. Não faria sentido nenhum uma revolução. Pelo menos é o que acho como fã do quadrinho. Mas concordo que vendo do ponto de vista do cinema ( e 9 anos é pra caramba!) não tenha muito impacto.Parabéns pelo trabalho. Abs
Acredito em tudo que você falou, Francis, porque uma década é tempo demais. E vou ver só pra comprovar, hehe. 🙂