TAURUS

As cores de Taurus seguem o padrão de fotografia de alguns filmes de Aleksandr Sokúrov: os filtros deixam a tela tão bela que parecem tentar hipnotizar o espectador. A decadência de Lênin é verde e branca. Um dos homens mais poderosos do mundo perdeu as cores. Descoloriu. A fotografia e a direção de arte são, mais uma vez, espetaculares. Ma’s enquanto a forma é bela, o recheio do bolo parece sem gosto. O cineasta parece cair num sono profundo como o que passou a tomar conta da vida de Lênin. Um sono sem muita voz. Melancólico e raquítico. Taurus transforma em tons as certezas de Sokúrov. Tons pálidos. A trilogia da decadência dos grandes líderes enfraquece aqui depois de um belíssimo, ainda que difícil, Moloch. Falta uma personagem magnética como a Eva Braun de Elena Rufanova para que Sokúrov lance tanta ironia sobre Lênin como fez com Hitler. Curioso observar que aqui Sokúrov olha para o próprio umbigo ao falar da história russa. Resultado: os olhos vêem, mas o coração não sente.

Taurus
Telets, Rússia, 2001
Direção e Fotografia: Aleksandr Sokúrov.
Elenco: Leonid Mozgovoy, Mariya Kuznetsova, Sergei Razhuk, Natalya Nikulenko, Lev Yeliseyev, Nikolai Ustinov.
Roteiro: Yuri Arabov. Produção: Viktor Sergeyev. Direção de Arte: Natalya Kochergina. Edição: Leda Semyonova. Música: Andrei Sigle. Figurinos: Lidiya Kryukova.

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