O primeiro semestre de 2009 foi fraco para o cinema. Fazer uma lista de melhores foi complicado, mas mais difícil foi fechar uma relação de piores. A competição era forte demais. Os cinco campeões estão aqui:

Scott Derrickson

5 O Dia em a Terra Parou
The Day The Earth Stood Still
Scott Derrickson, 2009

Os cineastas que se propõem a refilmar um material clássico deveriam assistir a este filme. Tudo o que não deve ser feito está no longa de Scott Derrickson. Se o original trazia um clima b completamente entendido pelo ótimo Robert Wise, o remake tenta dar credibilidade à história, tornando o filme, um filme sério. Mas O Dia em que a Terra Parou parece apenas uma comédia involuntária. Keanu Reeves, robótico como sempre, quer emprestar sua falta de expressão a seu Klaatu, mas só consegue provocar risos. O que Jennifer Connelly resolveu fazer aqui é o grande enigma.

Frank Miller

4 The Spirit
The Spirit
Frank Miller, 2009

Frank Miller que me perdoe, mas, numa época em que os filmes baseados em HQ ganham consistência, seu trabalho é um dos mais ocos. Pra começar, o longa é completamente escorado em seu visual e isso é um problema. É um sub-produto que pega carona no impacto que outros filmes tiveram. E aí surgem mais dois problemas. O primeiro: não há mais novidade. O segundo: em boa parte de seus mais de 100 minutos, o visual do filme é de gosto bastante duvidoso. Miller parece não saber como controlar essa opção pelo fake e, talvez na intenção de se aproximar do humor de Will Eisner, entre o sarcástico e o inocente, conduz os atores em interpretações farsescas que quase nunca funcionam. Tudo no lugar errado.

Michael Bay

3 Transformers: A Vingança dos Derrotados
Transformers: Revenge of the Fallen
Michael Bay, 2009

O nome de Michael Bay nos créditos já é garantia de gosto duvidoso, embora seus filmes geralmente sejam mais massacrados do que merecem. Mas Transformers: A Vingança dos Derrotados impressiona: é um complexo tão monstruoso de equívocos, clichês e decisões estúpidas que fica difícil acreditar que não se esteja sonhando – ou tendo um pesadelo – no cinema. Bay não se conformou em fazer um filme chato de carros, com perseguições mais chatas ainda, filmadas de forma mecânica. Ele resolve dar corpo à história, evocando origens ancestrais e se complica todo. E o pior: o humor de que Bay tenta impregnar o filme é insuportável. A personagem da mãe poderia ter saído de Férias do Barulho.

Stephen Daldry

2 O Leitor
The Reader
Stephen Daldry, 2008

Os primeiros minutos de O Leitor indicam que o filme seguiria a linha do comodismo em adaptar obras literárias, sempre apostando que a embalagem vende o ordinário como mercadoria de luxo. Daldry tenta dar volume ao material, sustentando a trama com uma série de cenas de erotismo light e tentando embasar um misterinho pontual (que também serve para que o espectador chegue ao momento da revelação dizendo: “eu já sabia”). Se terminasse assim, seria apenas mais do mesmo, raso e frustrante. Mas O Leitor vai além: ele tenta ser um filme importante.

Somos repentinamente jogados num drama pós-Holocausto, que consegue destruir tudo o que Kate Winslet faz na primeira metade do filme para que sua personagem fosse menos óbvia. A atriz rapidamente é engolida pela trama que se pretende rica e significativa, que mergulha numa desastrosa série de soluções de roteiro. No meio de toda essa sucessão de abobrinhas (recheadas de maquiagem), vem o já citado momento da grande revelação, que a metade mais esperta da platéia já havia descoberto uns quarenta minutos antes. Antes da cena final, inexpressiva, resolve-se, pela primeira vez, refletir sobre os atos da protagonista, mas isso vem na forma de uma sequência de bate papo mal escrita e mal montada.

Spike Lee

1 Milagre em St. Anna
Miracle at St. Anna
Spike Lee, 2008

Podem me chamar de simplista, mas a coisa mais próxima de Milagre de St. Anna é A Vida é Bela, de Roberto Benigni. Lee adota um tom meio mágico e muito meloso para afirmar a relação entre o pequeno Angelo, que lembra o moleque do filme de Benigni, e o soldado Train, metástase do gigante gente boa de Michael Clarke Duncan no horroroso À Espera de um Milagre. Como não é um diretor hábil em dominar o melodrama em sua forma mais bruta, Spike Lee comete uma série de cenas para as quais a palavra piegas é tímida, quase um elogio.

O pior é que mesmo recorrendo a artifícios questionáveis, como diálogos que parecem exigir do espectador lágrimas e compaixão, o filme nunca emociona com sinceridade. E é fácil sentir-se traído, enganado com seus mecanismos rasteiros, como a trilha de dramalhão e qualquer frase que sai da boca de Angelo. Lembrar que esse filme só foi feito como uma resposta de Lee a ausência de soldados negros em Cartas de Iwo Jima, de Clint Eastwood, é ainda mais constrangedor. Arrastar essa massa de lugares comuns por 2h40 é confiar muito no taco. Depois dessa, só um milagre para renovar minha fé em Spike Lee.

Comentários

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81 comentários sobre “Top 5: piores do semestre 2009”

  1. Acho muito subjuntivo criticar um filme. Cobrar todos os quesitos para que ele fique bonito na foto é meio forçado, né? Em se tratando de Transformers 2, qual é o espírito do filme? Qual é a idéia? O que há de mais maravilhoso nele são as animações em 3d, que na minha opinião, é a superação humana nesta área, nada supera a qualidade 3d deste filme, e também, ele te leva para uma dimensão extremamente surreal e empolgante. É assim que eu classifico os filmes que eu gosto, ou não. E não entendo nada de críticas para filmes, apenas utilizo meu bom senso!

  2. Boa tarde a todos,

    Chico, não vi nada de mais na sua avaliação sobre os filmes, mas em relação aos comentários que deixaram para você fiquei bastante chateado… Acho que algumas pessoas confundiram sinceridade com falta de educação, porém aprender e crescer como pessoa nunca é de mais, tenho certeza que um pouco de reflexão faria com que qualquer reconsiderasse o que disse e chegaria a conclusão que talvez tenha exagerado um pouco.

    Abraços!.

  3. Nossa! Realmente essa lista deu o que falar! RsRs! Bem, na minha opinião a profissão de crítico é mediocre sim! Contudo, acho perfeitamente normal, aceitável e democrático que cada um tenha sua própria opinião sobre qualquer coisa, no caso em discussão, os filmes. O problema é que o crítico acha que sua opinião é mais importante do que a da população em geral, se põe acima de nós meros mortais expectadores ignorantes que não sabem apreciar um verdadeiro bom filme, na opinião deles (críticos), é claro! Talvez isto aconteça porque o crítico não assiste aos filmes como entretenimento, lazer, como algo que goste de fazer, que lhe dar prazer, mas sim como uma obrigação por que ele tem que ter uma “opnião formada sobre tudo”, isso torna tudo muito massante e fica difícil ver graça em algo desse jeito. Além disso eu não preciso saber o nome do diretor, do roteirista, o gênero do filme ou qualquer outra imformação para dizer se o filme é bom ou não. O filme por si só basta! Alguns filmes não me agradam, outros me arrebatam e isso independe da opnião de quem que que seja. Meu humor, meu estado de espírito interfere no meu gostar ou não de um filme. As vezes eu assisto e não gosto, mas quando assisto outra vez em outro momento eu passo a gostar. Resumindo: sugiro àqueles que se dizem críticos que assistam os filmes como simples expectadores e não como críticos. Vamos deixar de querer tornar tudo erudito, afinal filme é arte e a arte é democrática, é eclética e atende a todos. Chega de rótulos!

  4. Caro Chico Fireman, de boa, vá assistir High School Musical que você ganha mais.

    Antes de fazer uma critica, aprenda a criticar.

    Da lista que você passou tem filmes que gostei, que não gostei e que não assisti e, independente do caso, nenhum dos filmes se merece o que você falou.

    Cara, hoje para nós, a versão original de “O dia em que a terra parou” é uma comédia, mas, para a época, não era uma comédia… era bem sério e para botar medo. Agora, quanto a transformers, sou um baita fã da série e digo que, apesar das mudanças como GM no lugar de VW, achei que o michael bay mandou muito bem… então, cara, pesquise antes de abrir a boca para que não saia um monte de merda dela, como você fez nesse post.

  5. Ficção não me atrai! Meu gosto é por aqueles que nos fazem pensar sobre a convivência através dos tempos, aocntecimentos e revoluçoes! Se algum filme aborda isso, já me é interessante, ainda que não tenha um roteiro tão perfeccionista!

  6. Todos vcs sao uns bundas, em vez de ficar ai descutindo sobre gosto, que nao vai dar em nada pois cada um tem o seu, podiam estar fazendo coisas melhores, aposto q nenhum de vcs nunca participou de uma orgia.

  7. Vocês não tem mais o que fazer do que criticar o cara? Ele apenas está expondo a opinião dele, o que cada um pode fazer.
    E se colocaram a reportagem dele com link do site do Yahoo, é porque tem opiniões interessantes sobre as coisas.

  8. eu não acho que crítico de cinema seja um cineasta fracassado, eu não sei cozinhar mais sei quando a comida está boa. críticos gostam de escrever frases de efeito que eles consideram muito inteligentes.

  9. Faço das palavras de Francisco Abreu as minhas. Mas ainda gostaria de acrescentar que, concordo que existam filmes terriveis, mas dai parte da minha opinião e não da sua, o que é bom para mim pode não ser para você. Assim como todas as artes, cada um tem uma visão de um mesmo trabalho. Não entendo absolutamente nada de quadros, que para mim em sua grande maioria são rabiscos que qualquer recém-nascido faz, mas existem pessoas que veem nisso uma obra de arte. Acho que os criticos deveriam começar a ter vergonha na cara e fazer criticas sobre suas próprias crias, que ao tudo indica, vocês não possuem essa capacidade, a unica capacidade que os criticos possuem é serem odiados, mas não por fazer criticas, mas por não saberem fazer mais nadaa não ser viver no seu profundo pessimismo.

  10. Olá!
    cONCORDO COM VC. ASSISTI O LEITOR AQUI EM CASA SEMANA PASSADA..E FIQUEI AGONIADA COM O FILME. CENAS FRACAS..FILME MONÓTONO..HISTÓRIA FRACA PARA UMA ÓTIMA ATRIZ.
    TRANSFORMERS FOI MAIS BARULHO, DESTRUIÇÃO E POUCA HISTÓRIA TBM.. FILME LONGO E SEM GRAÇA.. PODE ATÉ TER IMAGENS E FOTOGRAFIA BACANAS..MAS FALTA CONTEÚDO… O DIA EM QUE A TERRA PAROU.. MEU DEUS DO CÉU.. FOI AO CINEMA PRA VER, ATÉ PQ GOSTO MT DE KEANU REAVES.. E ACHEI UMA PORCARIA.. FILME MONÓTONO.. SEM GRAÇA.. CENAS FRACAS..SEM MUITA HISTÓRIA E UM FINAL RIDÍCULO.. FALA SÉRIO.. NÃO É UM FILME DIGNO DE KEANU REAVES..QNT AOS OUTROS FILMES NÃO ASSISTI AINDA… ATÉ MAIS..

    BJS BJS..

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