Carruagens de Fogo (1981) , de Hugh Hudson.

A vitória deste filme no Oscar de foi tão surpreendente quanto a de Crash, embora este seja apenas um filme convencional, corretinho e sem grandes atrativos, e não uma tese furada sobre o que quer que seja. Mesmo assim, foi uma vitória injusta. Carruagens de Fogo não tem um décimo do charme de Reds, que era o favorito daquela noite. É mais um daqueles dramas esportivos sobre superação e preconceito e, além da trilha clássica de Vangelis (boa, apesar de ninguém mais suportar ouvi-la), só chama a atenção porque é um filme de época.

As Crônicas de Nárnia: o Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupas (2005) , de Andrew Adamson.

Assistir Nárnia foi um sacrifício. Um dos filmes mais sem graça dos últimos tempos, subproduto de O Senhor dos Anéis, parece um rascunho de uma criança de cinco anos da obra de Tolkien. Os personagens são rasos e não tem a mínima malícia. Parece que Andrew Adamson não soube trazer para o celulóide todo o sarcasmo que impregnava seus Shreks. O pior de tudo é que provavelmente teremos que agüentar uma série de filmes, com maquiagem ruim, efeitos bobos e um fiapo de roteiro. Putz, castores falantes? O único alento é a belezinha que é a Georgie Henley, a garota mais fofinha que apareceu recentemente no cinema, e o James McAvoy, que empresta uma graça rara ao fauno que interpreta.

Os Desajustados (1960) , de John Huston.

Há muito, muito tempo eu comprei o livro de fotos Magnum Cinema, cuja capa é exatamente esta foto de Os Desajustados. Foram anos de espera até poder assistir ao filme, o que somente aconteceu há poucos dias. E minha conclusão sobre o filme de John Huston é que ele não cabe em si, é inadequado, estranho a todos, e, por causa disso, muito bom. O texto de Arthur Miller é a estrela mais uma vez: um texto sobre o incômodo de não ser, não estar, não poder. O elenco que o recita é o mais heterogêneo possível: Marilyn Monroe, refém da própria beleza que procura relevância, tentando ser boa atriz sem conseguir e mesmo assim encantadora; Montgomery Clift, como um peão em fim de carreira que tentando resgatar o que já foi; e Clark Gable, como um velho que não acredita que o tempo passou. Todos, de certa forma, metaforizam o que eram naquela época. Fiquei meio assustado quando percebi essa veracidade.

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15 comentários sobre “Três filmes”

  1. Concordo, Marcelo. Eu acho que a Marilyn é muito fraca como atriz e que continua fraca neste filme, mas aqui existe um esforço visível e ele cabe imensamente à personagem, que é exatamente aquilo. Uma mulher que busca ser mais do que realmente é.

  2. É o meu preferido do Houston, da Marilyn (brilhante), do Gable e quiçá do Miller, pelo menos (do Clift, não, porque ele fez “Red River”, assim como o Wallach fez “The Good, the Bad and the Ugly”, e a Ritter, “Rear Window” e “Pickup on South Street”). É um filme lindo, lindo.pqmcc

  3. Adoro Misfists, gosto muito do Huston. Preciso rever o filme, mas lembro dessas mesmas sensações que você citou, de estranheza, inadequação. Um western sobre pessoas decadentes, o que é muito interessante.

  4. Não tive coragem de ver NÁRNIA também. Só deu vontade de ver quando soube que a história é a mesma de um desenho animado que vi na infância e que me fez chorar muito, de um leão que é assassinado. Ainda pretendo ver esse do Huston também. Deve ser bem triste.

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