Adaptar Mário de Andrade requer um pouco de ousadia e pretensão. Um dos editores de maior e melhor currículo no Brasil, Eduardo Escorel escolheu Amar, Verbo Intransitivo para ser seu segundo filme como cineasta. A história acompanha a chegada da fraulein alemã vivida por Lilian Lemmertz à casa de uma família da classe alta, nos anos 20.
A intenção é que ela seja a preceptora de Carlos, o filho adolescente, além de iniciá-lo sexualmente. Carlos é um menino feio, coisa que o ator escolhido para vivê-lo não deixa a desejar. Mas se o físico ajuda, a criação do personagem mais importante da história faz o contrário. Marcos Taquechel parece estar lendo todas as falas. Não existe interpretação.
O contraste nas cenas com Lilian Lemmertz, excelente, suprime qualquer credibilidade no filme. A direção de atores parece descuidada. Não há brilho nos coadjuvantes e o filme só se sustenta na linda trilha criada por Francis Hime e no fato de Lilian Lemmertz ser uma atriz perfeita. Seus olhos sem brilho, de quem não tem chão certo ou esperança, entristecem e fazem pensar o que realmente vale a pena.
Uma Lição de Amor
[Uma Lição de Amor, Eduardo Escorel, 1975]