O Filmes do Chico inaugura agora uma nova seção, que vai resgatar filmes que estão fazendo aniversário. Para a estreia, o Mitchel Diniz reviu Meninas Malvadas, que completa dez anos de idade em 2014. E a sessão foi especial: o filme foi exibido ao ar livre para uma multidão num parque de Londres. As impressões como envelheceu este filme que ajudou a lançar Lindsay Lohan, Rachel McAdams e Amanda Seyfried estão longo abaixo. E a Play It, Again veio para ficar – e relembrar.
Mitchel Diniz
de Londres
O verde do gramado em Vauxhall Pleasure Gardens, região central de Londres, desapareceu em meio a toalhas, lençóis, cestas de piqueniques, latas de cerveja e garrafas de vinho. Duas horas antes da projeção começar, por volta de 7 da noite e com o sol ainda brilhando, já tinha gente citando, de cor, diálogos que viriam a ser exibidos em seguida, no telão montado ali no parque. “So fetch!”, bordão da patricinha Gretchen Wieners e o provavelmente o mais famoso de Meninas Malvadas, era o que mais se ouvia. Exibido ao ar livre na capital inglesa dez anos depois de sua estreia, o filme confirmava naquele momento seu status de “cult colegial”, legitimado por uma platéia que se mostrava não só entusiasmada o tempo inteiro, mas também bastante íntima de seus personagens.
Meninas Malvadas poderia ter sido só mais um filme entre tantos outros a retratar a antiga e eterna dicotomia high school que há entre “populars” e “losers”. Porém, foi além do previsível, mesmo o sendo muitas vezes, tratando da questão sem maniqueísmos. Uma ideia que hoje não soa tão nova em narrativas do gênero, mas que à época foi adaptada de maneira engenhosa – e até mesmo pioneira – por Tina Fey, autora do o roteiro baseado em livro de mesmo nome, escrito por Rosalind Wiseman. Além de eternizar jargões, vale lembrar que Meninas Malvadas também foi plataforma de lançamento para suas atrizes – ainda que nem todas tenham decolado.
Rachel Mc Adams, com sua histórica vilã Regina George, e Amanda Seyfried, a bobalhona sexualizada Karen, voaram em céu de brigadeiro depois do filme. A protagonista Lindsay Lohan, por outro lado, declinou, ainda que sua decadência caminhe de mãos dadas com sua evidência como garota-problema. Junto com elas também cresceram os fãs do filme, que seguem usando frases das “plastics” para fazer troça, sabem passo a passo a coreografia do trio cantando “Jingle Bell Rock”, gostariam de um “burn book” para difamar seus inimigos e ainda se comovem com a rendenção igualmente bem humorada das personagens.
No final da exibição, já havia anoitecido e a plateia britânica aplaudia antes mesmo de aparecerem os créditos de encerramento. No ar, ficou um clima de nostalgia, dos tempos de uma Lindsay Lohan sóbria, em que não se precisava de redes sociais para fazer intriga (bastava uma conference call) – e até das Reginas Georges que nos infernizaram a vida.
Meninas Malvadas ½
[Mean Girls, Mark Waters, 2004]