A cada dia que passa, eu me convenço um pouco mais de que a melhor maneira de se encarar o mundo é tentar flutuar sobre as coisas, mesmo aquelas com as quais você não concorda, mesmo aquelas que você não entende, mesmo aquelas de que você não gosta muito. É mais ou menos isso que Christophe Honoré faz em Canções de Amor, delicioso manifesto musical em forma de ode ao espírito livre e à quebra das convenções. A diferença deste filme em relação a tantas outras obras é que ele, por mais que tenha uma postura extremamente política implícita, recusa veementemente se transformar em panfleto, seja do amor livre, do ménage a trois, da homossexualidade. As coisas acontecem naturalmente, não porque têm que acontecer, mas porque podem acontecer.
Honoré evoca o Truffaut de Beijos Proibidos e Domicílio Conjugal e o faz encontrar os musicais de Jacques Demy, sempre costurando a trama a partir das canções excelentes de Alex Beaupin. Louis Garrel, seu colaborador mais fiel, encarna mais uma vez o ser humano livre, como fez a obra-prima Em Paris, do mesmo Honoré. Aqui ele ganhou a companhia de Ludivine Sagnier, uma das pérolas que o cinema francês revelou nos últimos dez anos, e a ótima Clotilde Hesme, com quem Garrel já tinha divido a tela e os lençóis em Amantes Constantes. Na ponta final do quadrado, Gregoire Leprince-Ringuet, que impressiona ao criar a ingenuidade de um primeiro amor. Ele, ao lado de Garrel, estrela o melhor momento musical do filme, “As-tu déjà aimé?”. Os outros destaques na trilha/tela são “Au Parc”, cantada por Chiara Mastroianni, e “Je n’aime que toi”, com Garrel, Sagnier e Hesme nos entregando às ruas de Paris.
Esta foi a segunda vez que eu vi Canções de Amor. A primeira foi durante a Mostra de Cinema de São Paulo, em novembro, num programa duplo com Em Paris. Eu já tinha me apaixonado pelo filme, por sua leveza e por sua maneira de se lançar ao mundo, e já tinha amado cada uma das belíssimas canções que compõem a trilha sonora, devidamente baixadas e ouvidas à exaustão ao longo deste dez meses. Na semana passada, quando vi o trailer do filme, senti um aperto e imediatamente decidi revê-lo ao lado da minha amiga Fabiana, uma das pessoas mais queridas da minha vida. Sabia que nem todo mundo gosta de musicais e que provavelmente ela também torceria o nariz, mas sabia que, se ela fosse comigo, ela entenderia tudo o que é o filme, mesmo que não gostasse muito dele. No sábado, a Fabi foi comigo ao Cine Bombril. Viu o filme ao meu lado e adorou. E me fez imensamente feliz porque uma das melhores coisas da vida é dividir as coisas que você ama com as pessoas certas.
Canções de Amor
[Le Chansons d’Amour, Christophe Honoré, 2007]
muito bom.espero que receba um oscar por melhor filme estrangeiro,filme que da gosto de fica batendo palma quando acaba.
Ah esse filme é lindo. Foi amor a primeira vista! Não esperei chegar aos cinemas, acabei baixando há alguns meses, já devo ter assistido umas 7 vezes! rs
Nossa, preciso mesmo ver esse filme, preciso saber se já chegou em Ctba… Amo Christophe Honoré, Em Paris me faz lembrar da minha irmã… E Louis Garrel é um dos meus atores favoritos atualmente.
Quero ver de novo, adorei.
Visito sempre seu blog e agora lendo os comentários fiquei curiosíssima por Ma Mere, por favor me fala alguma coisa.
Tb não caí de amores, mas a trilha é deliciosa!
Eu não odeio. Mas não caí de amores.
Tb estou com “Ma Mére” na lista de espera. Namoro ele todo dia.
Layo, tem gente que odeia. Acabaram de dizer isso.
Também adorei, Fabi.
meu sábado foi infinitamente mais feliz por ter visto esse filme.
e muito, muito mais ainda, por ter visto ao seu lado.
🙂
só me falta a trilha agora.
te amo.
Vi quando estava namorando e foi ainda melhor. hehehe.
Acho difícil alguém desgostar deste filme.
Tenho impressão de que esse vai ser um dos poucos musicais que eu vou colocar na lista do “Gostei”. Vi o trailer e fiquei encantado. Aguardando chegar por aqui. Enquanto isso, tenho MA MÈRE pra ver e me preparar. O que falta é tempo…