A nova Paisá

A edição nº 1 da Revista Paisá chegou às minhas mãos na semana passada, mas eu ainda não tive tempo para comentá-la. Me pareceu ainda melhor do que o número zero – que já era ótimo – inclusive com uma ampla cobertura sobre os filmes de Ang Lee, puxada Brokeback Mountain, capa (enquanto a SET ignorou o filme do mês e colocou o George Clooney na capa provavelmente porque ele é mais vendível, né?). Há belas resenhas sobre os filmes novos e uma lista de melhores do ano, prato cheio para qualquer cinéfilo. Material de primeira, mais uma vez. Parabéns ao Sérgio e à equipe.

E os filmes:



O Aviador (2004) , de Martin Scorsese.

Rever o filme inteiro é ter certeza da excelência da direção de Scorsese, que transforma uma trajetória individual num inventário sobre a recente história dos Estados Unidos. Leonardo Di Caprio pode ter muitos detratores, mas aqui ele pisa em todos eles porque é um ator genial, com pelo menos umas cinco cenas memoráveis. Todo o cuidado técnico é invejável, mas a fotografia de Robert Richardson não tem parâmetros. É provavelmente uma das melhores que eu já vi.



Crimes e Pecados (1989) , de Woody Allen.

Segunda revisão. O contraponto entre as histórias de Martin Landau e de Woody é fundamental para que um equilíbrio muito particular entre drama e comédia. Neste filme, a personagem neurótica não dá o tom, apenas faz parte do contexto. Há uma certa dissertação sobre a culpa que é cristalizada num diálogo inteligente entre os dois protagonistas. A evolução da personagem de Mia Farrow é interessantíssima já que frusta às expectativas no melhor estilo do diretor, mas de uma maneira sutil, sem pressa.



De Repente 30 (2004) , de Gary Winick.

Uma bobagem deliciosa de assistir. Jennifer Garner nem sempre consegue segurar as pontas, mas Mark Ruffalo é um ótimo parceiro. O texto é simples, mas o filme exibe uma sinceridade, uma espontaneidade que faltam hoje no gênero, que confunde ingenuidade com burrice. Este filme não apenas defende a ingenuidade, como a exalta.



Encontro de Amor (2003) , de Wayne Wang.

Pareceu, a meu ver, que ele foi injustamente atacado quando foi lançado nos cinemas, possivelmente por causa da presença de Jennifer Lopez, uma atriz ruim, mas que funciona como uma luva no papel de Cinderela moderna. O conto de fadas ganha legitimidade pela presença de Raplh Fiennes e pela condução leve que Wayne Wang imprime ao filme. Não é nada demais. Mas nem de longe é de menos.

A Morte do Demônio (1981) , de Sam Raimi.

A inventividade da câmera está lá. É o rascunho inicial de quem viria a ser um grande diretor, um cineasta conceitual. No entanto, é um filme que se apega muito ao grotesco, às gosmas, líquidos e todo e qualquer material nojento (inclusive custando alguns desafetos com a continuidade). Há uma inegável diversão, sobretudo para o adolescente, alvo imediato do filme, mas não vai muito além disso. Com mais dinheiro, recursos e uma equipe mais profissional, Raimi refez o filme em 1987.



O Mundo em Perigo (1954) , de Gordon Douglas.

Esperei tanto tempo para ver este filme, mas ele é muito fraquinho. Todas as resoluções são apressadas. Não preocupação qualquer com a narrativa. A curiosidade pelo tosco existe, mas não justifica o filme, que até é bastante ousado ao criticar a política atômica dos Estados Unidos, mas as reflexões são superficiais.

Comentários

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10 comentários sobre “Curtas”

  1. aguardem o lado b da entrevista com o carlão…no site da Paisà. eu aviso quando.

    chico, O Mundo em Perigo (Them!) é uma pequena obra-prima. aquela cena da menina levantando assombrada no bagageiro do carro é de antologia. e depois, o grito dela…nossa. reveja

  2. Eu também achei que EVIL DEAD visto na telinha perdeu muito da graça da primeira vez que eu vi no cinema (aliás, eu vi duas vezes no cinema!).

    Quanto à PAISÀ, adorei a entrevista do Carlão, o emocionado texto do Alexandre sobre o pai dele, e a revisão da obra do Ang Lee pelo pessoal da revista. Ainda não terminei de ler toda.

  3. Ah, Milton. Eu acho o Di Caprio maravilhoso no filme.

    Quanto ao “A Morte do Demônio”, revendo o filme, que eu comprei por R$ 9,90, num DVD tétrico, achei que o filme tem muitas seqüências gratuitas.

  4. Chico, em mim o Di Caprio não pisou, não, he he. Acho que ele já mostrou talento em alguns filmes (Celebridades, Gangs), mas para mim aqui o problema é de inadequação, mesmo. 5 minutos de Hughes em Tucker, com o Dean Stockwell, mostram que Aviador seria bem melhor com outro ator. Mas, enfim, ainda acho esse um problema menor do filme, mas foi tu que puxou o assunto, he he.

    E eu daria uma estrelinha a mais para o Morte do Demônio, hein!

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