O Método, de Marcelo Piñeyro.

Piñeyro, que já foi ótimo em Cinzas no Paraíso (1997), recorre à claustrofobia para dar o tom de seu novo filme, que parece querer criar situações-limite para investigar o interior de suas personagens. Bem, a investigação, se há, é rasa, e o filme se prende a um modelo de “descubra o culpado” e “uns contra outros”, que remete ao jogo Detetive. O melhor em cena é o “macho ibérico” canalhão. Najwa Nimri está linda.

A Sombra do Andarilho, de Ciro Guerra.

O texto é doloroso. Personagens “coitadinhos vendidos” vendidos como heróis. A música é um lixo, mais melosa, impossível. A câmera, óbvia, com suas metáforas sociais.

Tarfaya, de Daoud Aoulad-Syad.

Cinema étnico em sua essência. Mostra-se uma pequena história e se pincela um retrato do cotidiano de um povo, no caso do interior do Marrocos. A pequena história é pequena demais, mal chega a acontecer. O retrato do cotidiano também é insípido. Não funciona bem sob nenhum prisma.

Um Lobisomem na Amazônia, de Ivan Cardoso.

Cientista louco, lobisomem e uma raça de amazonas. Ivan Cardoso deixa o limbo e mistura isso tudo no meio da floresta eqüatorial. O tom ridículo, que remete aos clássicos do diretor, é acertadíssimo. Tudo é exagerado, desde a narração em off do vilão estrangeiro até os peitões de Danielle Winits e Karina Bacchi. Mas Cardoso desenvolve o escracho com um suporte técnico invejável, mesmo quando tenta ser fake na “noite brasileira” ou na concepção visual do lobisomem. Se Sidney Magal, em cena única, ilumina a floresta, Nuno Leal Maia está genial na picaretagem.

“A maldição da floresta
Rainha das amazonas
A nova Pentasiléia
Dona do cetro real”

Flores Partidas, de Jim Jarmusch.

O status quo, quebrado por uma carta. A vida ganha nova dimensão, novo prisma, novas possibilidades. Bill Murray parte em busca, repetindo trejeitos e fórmulas, amplificando sua releitura de Chaplin. Jim Jarmusch, triste como nunca, disfarçado de alegre. A solidão sempre esteve lá. Faltava só alguém dizer.

Entrando na Garganta Profunda, de Fenton Bailey e Randy Barbato.

O documentário o maior clássico do cinema pornô recupera os diretores da bobagem Party Monster (2003). Riquíssimo visualmente, tem uma preocupação impressionante em trazer informações. A montagem, inteligente, obviamente com a ajuda luxuosa dos entrevistados, traz um tom de humor bem-vindo. Tomara que apareça na lista do Oscar.

Green Chair, de Park Chul-soo.

Um filme que muda toda hora. Primeiro parecia mosaico de posições sexuais até finalmente tentar começar a defender suas personagens e as histórias delas. Quando isso ameaça acontecer, uma seqüência final nonsense vem e vira tudo pelo avesso. Não sei bem o que dizer.

Meu Amor de Verão, de Pawel Pawlikoski.

Começa como aquelas filminhos ingleses interioranos com tom triste e pequenas histórias, mas, aos poucos, o diretor começa a seguir caminhos bem interessantes e estranhos, tanto no roteiro quanto no desenvolvimento das personagens, que nunca se prendem a seu desenho inicial. Os minutos finais são muito bons.

Comentários

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4 comentários sobre “Festival do Rio 2005: dia 1”

  1. “a nova Pentasiléia” foi ótima. Que bom que o Cardoso voltou… Esse Jarmusch vai entrar em circuito, não? Dificilmente o verei na Mostra, estará infernal, e sou alérgico a filas.

  2. será que você está achando que eu e Junior somos psicopatas? Abordarmos vocês realmente no susto porque ja tinhamos ficado todo o pré e pós sessão do “Plutão” te caçando e nao te achávamos, no último segundo te vimos.
    te mandei um email para chicofireman@gmail.com com maiores detalhes para nos acharmos.

    DJ LeoN
    PS: vc não foi na SOUDNTRACK. grrrrrrrr…

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