Fala-se muito na relação entre mãe e filho, sobre o algo mágico que une estes dois papéis. Mas de certa forma há um certo desprezo, ou descaso, com o laço invisível entre dois irmãos, talvez uma das maiores formas de reconhecimento de um homem com sua história. Irmão é aquele com quem se partilha a infância (o sonho, a imaginação, a formação). Há alguns anos, quando meu irmão sofreu um acidente e quase morreu, comecei a pensar como seria a vida sem o conforto de alguém que cresceu ao seu lado, mesmo que hoje ele more longe.
Os corredores de um hospital podem ser mais assustadores do que muito filme de terror. No melodrama hospitalar dirigido pelo francês Patrice Chéreau, estes corredores são os responsáveis por reunir dois irmãos afastados sem notícias um do outro havia alguns anos. Bruno Todeschini é Thomas. Ele descobriu que tem uma grave doença no sangue que destrói sua resistência imunológica. Quando tem que voltar ao hospital, Thomas pede a ajuda e a companhia do irmão Luc, papel de Éric Caravaca, com quem havia perdido o contato durante um bom tempo porque suas vidas tomaram rumos bem diferentes.
A partir desta situação fartamente explorada na ficção, Chéreau se dedica a dar nuances à parceria entre Thomas e Luc e, reiventando a cronologia de sua história recente, nos oferece golpes do amor entre os dois irmãos. Mas o diretor – e, antes dele, o autor do livro, – se esquiva de uma visão reducionista e conciliatória desse reencontro. O amargo é o sabor mais difícil de ser depurado e o francês não sabe ser tão latino na sua entrega, o que seria mais acolhedor a princípio. Por isso, parece muito real a história contada no filme.
A crueza/crueldade, o amor contido, a presença que nega toda a diferença sem verbalizá-la. Mora no irmão distante a calmaria, a fortaleza. Sem flashbacks, pelo simples poder da palavra, ou pela sugestão da companhia, a história de um dois homens se reergue na frente do espectador. Dois homens que se amam e que podem estar muito próximos de se separar. Eles querem apenas brincar mais uma vez.
Irmãos ½
[Son Frère, Patrice Chéreau, 2003]
Olá, Chico.
No caso de ler esse comentário, gostaria de saber onde posso assistir o filme. Procurei na internet, em locadoras e até em algumas lojas, e infelizmente não o achei, mas parece ser muito bom e trata de temas que me são interessantes.
Assim sendo, adoraria que me direcionasse a algum lugar onde o dito cujo esteja disponível.
De qualquer forma, obrigada pela atenção.
xoxo.
Olá Bruna,
O titulo original do filme é Son Frère e você pode encontrar aqui nesse site http://telecinegay.com/son-frere/