20 Dedos ½, de Mania Akbari
[Bist Anghost, Irã/Grã-Bretanha, 2004]
A atriz de Dez segue os passos do mentor, Abbas Kiarostami. Em cinco pequenas histórias, casais diferentes interpretados pela mesma dupla falam sobre a condição feminina no Irã. Pelo menos foi isso que disse a crítica. Mania Akbari claramente se apossa da estrutura do filme que a revelou para colocar casais discutindo a relação. Não fosse pelo bom humor e pela esperteza de parte do texto, seria cópia barata.
Herança , de Per Fly
[Arven, Dinamarca, 2003]
Ulrick Thomsen, o protagonista de Festa de Família novamente está às voltas com dramas criados pelos parentes. Desconstrói sua vida para assumir os negócios depois da morte do pai. Apesar de bons momentos, o roteiro é um amontoado de chavões do tipo “o dinheiro vale mais” ou “eu sou um comandado”.
O Quinto Império – Ontem como Hoje , de Manoel de Oliveira
[idem, Portugal, 2004]
Nunca fui muito fã de Manoel de Oliveira, mas sua capacidade como criador é imponente nesta obra. O filme que se empenha em contar o que aconteceu antes do desaparecimento misterioso de Dom Sebastião, rei de Portugal, é de uma excelência plástica impressionante. Oliveira não move a câmera em cada cena e é rígido na encenação dos atores, quase hermético. Seu texto, apesar de ser circular e por vezes repetitivo ganha força nas belas interpretações de Ricardo Trepa e Luis Miguel Cintra. Se não se arrisca a entregar uma conclusão mais imediata para a história, Oliveira percorre um caminho tão realmente belo que isso não chega a ser tão importante.
Temporada de Patos , de Fernando Eimbck
[idem, México, 2003]
Começa meio pedante, apostando no nonsense para chamar atenção. Aos poucos, revela-se engraçado e inteligente. E termina com algum lirismo. O filme mexicano que mostra o encontro entre os dois amigos pré-adolescentes, a vizinha e o entregador de pizza vira uma reunião com direito a muitas impressões e quase nenhuma certeza sobre a vida. Melhor assim.
Sideways ½, de Alexander Payne
[idem, Estados Unidos, 2004]
Outro filme que muda e muda e muda. A princípio, parece um exemplo típico do filme independente norte-americano que faz mais pose de que tem algo a dizer. Mas isso muda e Alexander Payne, mais uma vez, reflete sobre a solidão e a significação. Desta vez, um professor de inglês que nunca conseguiu que um livro seu fosse publicado e vive sonhando com a ex enquanto degusta vinhos, seu esporte favorito. Paul Giamatti, sempre bem em cena, divide os louros com Thomas Haden Church, que não deve ter tido problemas em fazer um grandão imbecil, mas isso não tira seus méritos. No entanto, a rainha do filme é Virginia Madsen, velha, linda e boa atriz.