Viagem à Itália, de Roberto Rossellini.
Um filme bem interessante à medida que relaciona conhecer um país estranho com revelar o parceiro com quem se vive há anos. O cinema como retrato da realidade está presente nas descobertas históricas e geográficas, na câmera documental, no quê popular. É menor em relação aos filmes mais, digamos, importantes de Rossellini, mas não deixa de ser um bom trabalho, ainda que o final pareça bobo. Ingrid Bergman (aqui com o bom George Sanders) faz crescer qualquer obra.
Ritual de Amor, de Victor Sjöström.
Sjöström maduro, com direção mais firme e belas soluções visuais, ainda que menos ousado. O tema ainda é culpa, punição, penitência, redenção, que parecem ser o forte do cinema do diretor. Desta vez, a história é a de uma mulher acusada de matar o marido, mas a discussão de culpa se dá menos no factual e mais no plano intencional, psicológico, o que é, de certa forma, de uma ousadia expressiva. A reconstituição de época é espetacular.
Esposa e Mártir, de Sam Wood.
O filme, restaurado recentemente depois de mais de 70 anos perdido, é um típico produto de estúdio norte-americano, com o diferencial de ser estrelado por dois grandes astros da Hollywood iniciante: Rudolph Valentino e Gloria Swanson. A história, boba e muitas vezes bastante ingênua, fala de casamento arranjado, verdadeiro amor e bons corações. O conflito é mínimo, mas Wood, que viria a fazer muitos filmes (desde dramas oscarizáveis até comédias dos irmãos Marx) já mostrava muita intimidade na composição das cenas. As externas, sejam em estúdio ou não, são ótimas.
Pois é, não vi nada de obra-prima. Não cheguei a ver estes dois. Sou muito leigo em Rossellini. Vi “Roma, Cidade Aberta”, “Paisá”, “Alemanha Ano Zero”, “O Messias” e o episódio de “Nós, as Mulheres”. bem, não tão leigo assim…
Eu também não consegui me deixar arrebatar por “Viagem à Itália”, um filme que me decepcionou muito quando o vi. Sempre tinha ouvido falar dele como obra-prima e não acho que o final seja tão sensacional como dizem (os de “Stromboli” e “Il Generale Della Rovere” dão de mil a zero).