A Lula e a Baleia, de Noah Baumbach.

Uma das melhores crônicas familiares norte-americanas em muito tempo. Faz uma belíssima mistura de melancolia com referências pop (seja nas citações do roteiro, seja na trilha) sem aquele quê de ?olha como eu sou inteligente? e consegue dar densidade aos dramas das personagens, em plenos anos 80, a década perdida. O elenco é uma pérola: desde os dois garotos a Laura Linney, sempre bem, e Jeff Daniels, talvez no melhor papel (e interpretação) da sua carreira. Baumbach é o co-roteirista de um dos melhores filmes lançados neste ano no Brasil: A Vida Marinha com Steve Zissou. Não é à toa que Wes Anderson produz este filme.

Os Artistas do Teatro Queimado, de Rithy Panh.

Foi um verdadeiro parto ver este filme. Seria o primeiro da Mostra, mas o equipamento no Arteplex 1 não era compatível com a cópia (por sinal, um digital super básico). Nesta segunda tentativa, o mesmo problema na Sala Uol, resolvido com alguns minutos de espera. Tinha que valer a pena. E valeu mesmo. O filme de Rithy Panh é um documentário sem ser um documentário. Parte do cotidiano dos atores que vivem nas ruínas de um teatro que enfrentou um incêndio para abrir cada vez mais seu foco e mostrar o que é o Camboja hoje. Panh faz isso sem alarde, ficciona as cenas do dia-a-dia e as registra, utilizando gente de verdade que está ali de verdade. Essa indefinição entre o documentário e a ficção (que é rememorada sempre que possível) dá matizes muito mais ricos ao filme, que, das mínimas situações cotidianas aos registros fiéis de miséria e desorganização social, todos com seu contexto histórico devidamente explicado, fica cada vez maior na memória. Lição para quem acha que o choque denuncia com mais força.

Meu Pai Tem 100 Anos, de Guy Maddin.

O curta escrita por Isabella Rossellini atravessa várias versões. Começa experimental, meio cabeça, com frases ao vento e imagens estranhinhas. Em seguida, vira brincadeira com alguma seriedade com o diálogo entre a barriga do Rossellini, Hitchcock, Selznick, Fellini e uma ponta de Chaplin. E por mim se conclui como lamento de uma filha que queria que o país fosse mais e melhor lembrado, que acha que ele mereceu e merece mais espaço na memória, que teme que sua arte seja esquecida pela falta de herdeiros, que tenta justificar sua obra. Para mim, pareceu inocente, desnecessário e mal escrito.

Comentários

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12 comentários sobre “Mostra SP 2005: dia 5”

  1. Você já tem o ingresso pra Os Canibais, Chico?
    Tentei ver hoje no Cine Morumbi mas a cópia não tinha chegado. Aconteceu a mesma coisa com O Passado e o Presente.
    Depois eles ficam alardeando que a retrospectiva do Manoel de Oliveira tá completa! Sei…

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