Cine-fragmentos, de Alain Cavalier.
Coleção de recortes do cotidiano de Cavalier, captados ao longo de dez anos, costurados com eficiência a ponto de criar várias historietas, principal linha narrativa que o filme persegue. O diretor não tem pudores em mostrar sua intimidade e a da família, às vezes parecendo até ofensivo com sua esposa.
Vento e Areia, de Victor Sjöström.
Sjöström chega a Hollywood amadurecendo todas as idéias que exercitou ao longo dos anos filmando na Suécia. Um filme com uma composição visual invejável, tanto na fotografia, nas truncagens, quanto nos efeitos visuais, capaz de criar até ciclones artificiais. Uma obra-prima, eu diria. Lilian Gish, excepcional, mostra porque foi uma das poucas estrelas que ultrapassou os limites do cinema mudo.
O Inferno, de Danis Tanovic.
Uma família para a qual tudo deu errado. As histórias paralelas das três irmãs ganhou tratamento impiedoso do roteirista Krzysztof Piesiewicz, traduzido com fidelidade por Tanovic, que acerta na fotografia, na montagem e na música aterrorizante. A seqüência em que Emmanuelle Béart segue o marido até um hotel é magnífica, mas há um punhado de grandes cenas e muitas boas interpretações. O filme é o segundo da trilgia baseada em A Divina Comédia, de Dante, que seria dirigida pore Kieslowski. O primeiro foi o irregular Paraíso, de Tom Tykwer.
Crime Delicado, de Beto Brant.
Primeira bola fora de Beto Brant, baseada num texto muito pretensioso e pouco convicente de Sérgio Sant’Anna, que tenta incorporar a arte (ou as artes) à, digamos, essência da vida. Esta preocupação é o eixo central do roteiro, que deixa escapulir, talvez conscientemente, uma história mais consistente para o protagonista. Os intermezzos com as encenações de teatro são longos demais para um filme tão curto. E a melhor cena – quem diria? – é a protagonizada pelo intragável Cláudio Assis, diretor de Amarelo Manga, que está excelente (e parece bêbado).
“Caché” é muito bom mesmo…
Também acho, Marcelo. Inclusive só não escrevi isso porque queria ver como o filme sobreviveria na minha memória. Meu grande pecado é sempre a impulsividade na hora de comentar. Pra muito ou pra muito pouco.
Amanhã, vai no “Canibais”?
vou ver amanha O Inferno, acabei de chegar no melhor da Mostra (dos que vi, claro). Caché é fantástico…
Vi “O Inferno” hoje, gostei muito. Achei que não ficou devendo muito ao Kieslowski. Tá no meu top 3 da Mostra até agora.
Domingo eu faço workshop de direção com o Tanovic, serão umas 5 horas de aula. Vamos ver se vai ser legal…