Força Maior

Força Maior EstrelinhaEstrelinhaEstrelinha½
[Force Majeure, Ruben Östlund, 2014]

O instinto de sobrevivência tirou Tomas da mesa naquele almoço na estação de esqui. Uma reação instantânea ao medo da morte que custou a ele a confiança de sua família. Afinal, o que nos move?, pergunta o cineasta Ruben Östlund. O protagonista de Força Maior precisa arcar com as consequências de ter agido por impulso num momento de perigo. O filme coloca Tomas no meio de um dilema moral que ele tenta evitar a qualquer modo. Ele acha o que aconteceu tão inconcebível que nega sua atitude de autopreservação não apenas para os outros, mas para si mesmo. A força maior do filme de Östlund não é a natureza, mas a natureza humana. Retirados todos os construtos da sociedade, o que sobra na nossa essência? Como lidar com o animal que guardamos dentro de nós? É tão devastador perceber o quão primitiva é nossa alma que a Tomas sobra apenas a possibilidade de ficcionalizar a vida. O cineasta constrói bem o medo que a personagem tem de si mesmo e desenvolve um melodrama familiar gélido como manda a tradição escandinava. Se o final serve para empatar as coisas para o marido, o estrago na relação com a esposa, com os filhos e com ele mesmo já está feito.

Algum Lugar Belo

Algum Lugar Belo Estrelinha
[Somewhere Beautiful, Albert Kodagolian, 2014]

Difícil entender as intenções de Albert Kodagolian com Algum Lugar Belo. O cineasta que estreia em longas-metragens vende o filme como uma releitura de Calendar, obra da época em que o cinema de Atom Egoyan ainda tinha algum valor. Mas este drama em dois tempos confuso e inócuo que o diretor de origem iraniana apresenta nunca parece encontrar um propósito. De um lado, há um cineasta, interpretado pelo próprio Kodagolian (ah, sério?), que vive uma crise no casamento nos Estados Unidos. Do outro um fotografo que viaja pela Patagônia com a namorada (María Alche, de A Menina Santa) e um guia local. As duas histórias, que nunca se encontram nem na trama, nem na temática, não funcionam nem isoladamente, nem combinadas.

Viver é Fácil com os Olhos Fechados

Viver é Fácil com os Olhos Fechados EstrelinhaEstrelinha½
[Vivir es Fácil con los Ojos Cerrados, David Trueba, 2013]

Uma viagem transformadora e três personagens que precisam ser salvos de si mesmos. O mote é uma sucessão de lugares comuns, mas o diretor David Trueba, irmão mais novo de Fernando, conduz a trama com certa graça. O filme, que ganhou o último Goya, o Oscar espanhol, acompanha o professor de inglês fanático pelos Beatles, vivido por Javier Cámara, que descobre que John Lennon está num set de filmagens na Espanha e decide ir atrás do grande ídolo. No meio do caminho, encontra dois adolescentes fugitivos. O elenco, todo acertado, é um trunfo para Trueba, mas o que mais conta a seu favor é o carinho e a sensibilidade com que narra os eventos. O resultado é um filme simpático, mas que não tem muito mais a oferecer do que um clima de Sessão da Tarde das antigas para o espectador.

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