O Incrível Hulk

O principal motivo para a existência de O Incrível Hulk não é nada nobre: dinheiro. Como a investigação psicológica do personagem feita por Ang Lee não foi assimilada pelo público, a Marvel resolveu fazer tudo de novo – ignorando completamente o filme de cinco anos atrás. É ruim ter que admitir isso – ainda se tratando de um longa de Ang Lee -, mas foi a melhor coisa a se fazer. O novo filme não tem uma assinatura de peso, mas, além de pagar as contas, é um eficiente filme de ação e trata o personagem bem melhor sem tantas estripulias psicológicas.

Ang Lee, convenhamos, se esforçou. Tentou dar densidade ao drama de Bruce Banner, mas pecou por dois motivos: o primeiro é o excesso de explicação, com pesadelos e visões ganhando espaço demais na narrativa. Ficou acima do tom. O segundo foi a inclusão de um corpo estranho que modificou radicalmente a origem do personagem, tentando dar mais peso à questão psicológica, o pai de Bruce, que ganhou uma interpretação grotesca de Nick Nolte. No filme de Louis Leterrier, ele nem é sequer citado.

O diretor do novo longa não é, digamos, um autor como Ang Lee. Em seu currículo, os filmes de porrada têm destaque. Mas isso funciona em favor do filme, já que Leterrier se concentra na ação, o que faz corretamente, e respeita o roteiro menos pretensioso de Zak Penn, mais fiel à HQ e que finalmente entrega ao Hulk um vilão de verdade, o Abominável. Penn tem um texto mais fluido e encara o personagem muito mais como um melancólico lone rider do que como um homem perturbado.

O maior trunfo do filme é Edward Norton, fã do Hulk, que – além de ser um ator excelente para viver a dicotomia de Banner – ainda dissecou o roteiro, o que conferiu certo tom íntimo ao filme, contrastando com a aventura concebida pelo diretor. William Hurt e Tim Roth são um acerto e Liv Tyler está, como de hábito, bem fofinha, embora Jennifer Connelly tenha sido uma Betty Ross muito melhor. Além da sintonia com o momento Marvel (mais uma vez temos uma alusão ao futuro filme dos Vingadores), o roteiro deixa dois personagens para futuros filmes solo do herói: o Dr. Sampson e o Líder, que aparecem ainda sem poderes.

Embora a ação seja o forte (o monstro digital incomoda menos, embora eu gostasse do primeiro), há belas cenas dramáticas – quase todas as de Betty com a criatura. É bastante curioso que um filme mais assumidamente comercial tenha se saído tão melhor na função de dar conta de um personagem do que uma visão mais autoral e arriscada. Tavez se trate de uma conjunção de talentos complementares, talvez a explicação seja mais simples ainda. É provável que alguém como Hulk funcione mesmo para esmagar.

O Incrível Hulk EstrelinhaEstrelinha½
[The Incredible Hulk, Louis Leterrier, 2008]

Comentários

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6 comentários sobre “O Incrível Hulk”

  1. Essa dione rodrigues ou confundiu os dois filmes ou então comeu bosta. Aonde o filme do Ang Lee é melhor do que a do Leterrier? Aonde o Eric Bana dá banho em Edward Norton? Todos os que assistiram o novo filme garantem que a nova versão dá de 10 a 0. Ao contrário do que disse a dione rodrigues, o filme de 2003 foi considerado uma bosta.

  2. O filme é ruim de doer , o filme de Ang lee é bem melhor , Eric Bana deu um banho em Norton e sinceramente o que eu mais esperava era ação e o que eu vi foram 2 filmes um de Louis Leterrier e outro de cheio de drama fraquinho .
    Acho que o diretor não foi consultado para a montagem !

  3. Para minha surpresa também gostei bastante do filme … é empolgante, o elenco está muito bem e as cenas de ação funcionam maravilhosamente … e o Hulk me soou bem convincente.

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