[barca furada]


Como um caça-níqueis vagabundo, que tenta se vender no hiato entre a sub-aventura exótica e a comédia pastelão pasteurizada consegue se tornar o filme mais visto do ano e bate vários recordes históricos de bilheteria ainda é um megamistério para mim. O estrondoso sucesso comercial de Piratas do Caribe: o Baú da Morte só se equipara a seu estrondoso fracasso enquanto filme. Falta a Gore Verbinski o talento pop do melhor cineasta-faz-tudo do mundo, Richard Donner. Ele não sabe tem timing, não controla os atores e não consegue fazer uma cena de ação realmente decente.

Falta talento também aos roteiristas, que criaram uma história tão sem graça quanto campeonato de cuspe, que nunca consegue achar um tom adequado, que tem algumas poucas boas idéias, mas as desperdiça por falta de saber como estruturar as situações. É muita confiança na superestimadíssima performance de Johnny Depp, que, me perdoem os fãs, é um ator limitado, que nunca teve uma interpretação realmente grande na carreira, e que, na condição de James Dean moderno, e cheio de tiques e afetações, enganou meio mundo e quase ganhou um Oscar no primeiro filme. Não vi nada interessante de Depp em A Maldição do Pérola Negra; não vejo nada em O Baú da Morte.

Sobra Orlando Bloom? É verdade que a cada filme ele é um ator melhor. Em Elizabethtown merecia um 1,5. Aqui merece 1,6. E sobra Keira Knightley? A menina que já teve alguns momentos iluminados é dona de uma seqüência patética, na praia, num dos momentos onde o filme não sabe em que frente atacar. Bill Nighy, pelo menos, é um vilão melhor do que Geoffrey Rush. Mais assustador e certo de que tudo aquilo é uma brincadeira que deve ser levada a sério.

Por sinal, o mais legal do filme – o que funciona de verdade – é a tropa de vilões-frutos do mar, liderada por Nighy. O desgin de cada um deles é cuidadosíssimo, as aparências, assustadoras, e as interpretações conseguem equilíbrio. Foram eles os únicos a escapar ilesos das mãos destruidoras do produtor Jerry Bruckheimer, que visivelmente é quem dá o tom e o ritmo do filme. Ou seja, nenhum, num filme e-n-o-r-m-e sem qualquer justificativa para isso. E o pior é que continua. Ah, façam me um favor, ninguém aqui é Peter Jackson!

[piratas do caribe: o baú da morte ]
direção: Gore Verbinski.
roteiro: Ted Elliott e Terry Rossio, baseado nos personagens criados por Ted Elliott, Terry Rossio, Stuart Beattie e Jay Wolpert.
elenco: Johnny Depp, Orlando Bloom, Keira Knightley, Bill Nighy, Stellan Skarsgard, Jack Davenport, Kevin McNally, Naomie Harris, Jonathan Pryce, Mackenzie Crook, Tom Hollander, Lee Arenberg, Clive Ashborn.
fotografia: Dariusz Wolski. montagem: Stephen E. Rivkin e Priscilla John. música: Hans Zimmer. desenho de produção: Rick Heinrichs. figurinos: Liz Dann e Penny Rose. produção: Jerry Bruckheimer. site oficial:
piratas do caribe: o baú da morte. duração: 145 min. pirates of the caribbean: dead man’s chest, estados unidos, 2006.

nas picapes: [valentines, the delays]

Comentários

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18 comentários sobre “[piratas do caribe: o baú da morte]”

  1. O filme é insuportável. Saí exausto!
    Merece ir para o lixo, mas antes mudaria o título para “Piratas da Bahia de Todos os Santos”: eles passam de uma ilha a outra mais rápidamente que a travessia Mar Grande – Salvador.

  2. Eu acho que ele quis fazer um comentário sarcástico sobre o fato de eu escrever sobre um filme que pouca gente viu (segundo ele somente eu). A relevância disso, eu não entendi. Mas, como ninguém entendeu o que ele escreveu mesmo, não tem muita importância.

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