Até a excelente cena da cirurgia, um dos melhores momentos do cinema neste ano, Prometheus merecia 5 estrelas. Personagens bem construídos e um visual impecável que servem de suporte para uma história de suspense interestelar dirigida com firmeza. Depois disso, o filme assume algumas decisões questionáveis e cai um pouco, mas continua muito bom. Ridley Scott parece estar em casa, nesse retorno ao gênero que o consagrou – e ao universo que fundou. Apesar de fingir que não, o filme é um prequel de Alien. Todas as conexões são evidentes, mas construídas com sutileza. O filme nunca força a barra para casar as histórias.
Scott acerta no timing e na direção de atores, com destaques para Noomi Rapace e Michael Fassbender, que merecia um melhor aproveitamento na história. Mesmo assim, o roteiro é o melhor do filme. O texto não apenas respeita as tradições da ficção-científica como oferece também uma trama nova e com boas doses de ousadia, sem esbarrar em questões filosóficas. Prometheus vai além do que se espera porque, mais do que lançar explicações, entrelaça muito bem origens e destinos.
A incômoda virada no roteiro depois da já citada cena da cirurgia é o que faz o conjunto ficar desequilibrado. O personagem de Guy Pearce entra na trama para enfraquecê-la. É completamente dispensável, tira o foco central e compromete outros personagens. Excluído esse enxerto indesejado, o filme é um respiro depois da seqüência de longas dirigidos no piloto automático por Scott, que há tempos não entregava um trabalho relevante. Este novo capítulo honra a mitologia da série, tanto na trama principal como nos detalhes. O papel de Michael Fassbender, por exemplo, se converte numa bela – e explícita – homenagem a um personagem fundamental na história dos filmes.
Prometheus ½
[Prometheus, Ridley Scott, 2012]
Taí… o tio Chico deu o voto de minerva, estava indeciso em ver este filme…
Veja, eu gostei.
Pois é, eu já acho interessante pegarem o “personagem” par contar quem ele é.
Eu me ressinto da quebra de magia que estes “prelúdios” impõem. O bom e velho Space Jockey, lá do primeiro Alien, era interessante justamente por não ter passado ou identidade. O mistério em torno dele é o que o tornava relevante, mesmo que ele aparecesse tão somente morto e com alguns segundos de tela. Ao resolverem que ele seria mais do que isso os roteiristas quebraram a magia. O que ele nunca foi, mas que cada um imaginou a seu modo, era o que havia de melhor no personagem.
Eu nem chegaria à cena da cirurgia. O filme se perde logo na primeira aparição em holograma de Guy Pearce. A história dos pais primordiais é toda muito frouxa e nada convincente, uma tentativa de empurrar questões filosóficas à fórceps. Acho tmb a repetição estrutural da mitologia Alien equivocada. Fiquei extremamente decepcionado com o filme, apesar de reconhecer aqui e ali um brilhantismo visual poucas vezes visto no cinema de ficção recente. Me pergunto onde o cara que fez Os Duelistas, Alien e Blade Runner se perdeu.
Eu sobrevivi feliz à primeira aparição de Guy Pearce, Adriano, e nem acho que o filme pesa muito a mão na questão filosófica. Eu gosto do tratamento que é dado.