A Mostra deste ano trouxe dois filmes com uma mesma temática: quem morava e o que aconteceu na cidade de Prypriat, vizinha de Chernobyl, quando a usina explodiu em 1986. A Terra Ultrajada, que tem um brilhante primeiro ato, mostrando a vida na cidade, se perde no meio do caminho ao adotar uma estratégia sentimental que não consegue se sustentar porque aposta em piedade e ela não vem.
Sábado Inocente segue uma ideia oposta. Joga o espectador dentro da ação, transformando seu primeiro ato numa corrida desesperada por salvação. A câmera que acompanha o protagonista, que tenta escapar da cidade depois que tem conhecimento da explosão, é nervosíssima e seu desespero se transforma no nosso desespero. Mesmo quando o personagem desacelera, a câmera continua trêmula, como ele, como nós. Ela reflete a insegurança do homem diante de um futuro incerto, de um desastre iminente.
A fotografia, excelente, e a atuação de Svetlana Smirnova-Marcinkevich, como a namorada do protagonista, completamente perturbada, traduzem o incômodo que o filme tenta passar.
Sábado Inocente ½
[V Subbotu, Aleksandr Mindadze, 2011]