Que fique bem claro. Os filmes citados abaixos não são necessariamente ruins, mas estão bem aquém do que se anunciou sobre eles. Alguns já vêm com as marcas de seus diretores (e os fãs que os seguem cegamente). Outros funcionam melhor em suas propostas do que em sua execução. E, por fim, há aqueles que simplesmente não são tão legais assim. Bem, esses são os dez filmes mais superestimados do ano, na minha opinião. Alguém tem algum adendo?

Charlie Kaufman

10 Sinédoque, Nova York
Synécdoche, New York, Charlie Kaufman

Chegaram a dizer que este filme, o primeiro que Kaufman escreve e dirige, era seu trabalho mais verdadeiro já que não havia outros autores na jogada. Eu até concordo com isso, mas a falta de amarras foi um grande pecado aqui. Faltou quem segurasse os devaneios de Kaufman e seu filme mais “autoral” virou um exercício de maneirismos esquisitos e uma experiência bem chatinha.

Pedro Almodóvar

9 Abraços Partidos
Los Abrazos Rotos, Pedro Almodóvar

Toda vez que Pedro Almodóvar lança um filme novo, surge uma legião para saudar o trabalho como um dos melhores do diretor, em alguns casos, uma obra-prima. O filme noir do diretor começa perto do brilhante, cheio de nuances, que respeita e subverte as regras do gênero, sem deixar o universo típico do cineasta. No entanto, no terço final do filme, o cineasta liberto de outrora se prendeu a uma obrigatoriedade narrativa boba que não está à altura do restante do longa. Embora o epílogo mostre um Almodóvar revigorado, retrô, auto-referente, o desenlace da trama policial é frustrante e excessivamente explicadinho.

Clint Eastwwod

8 A Troca
Changeling, Clint Eastwood

A Troca não é um filme ruim, mas tem umas falhas imperdoáveis. A primeira é a montagem. As duas linhas narrativas funcionam bem, mas separadamente. Quando se juntam, enfraquecem. A cena mais importante do filme, em que um garoto revela a existência de um crime, simplesmente não funciona porque o menino é mal dirigido e não consegue dar credibilidade à sequência. Em outro momento, quando John Malkovich fala para Angelina Jolie, em boa performance, sobre a corrupção da polícia, o diálogo é ilustrado por uma “reconstituição” da ação dos policiais. Tipo assim, “Linha Direta”.

O Curioso Caso de Benjamin Button

7 O Curioso Caso de Benjamin Button
The Curious Case of Benjamin Button, David Fincher

Este filme seria a prova dos nove na carreira de Fincher, um diretor polêmico. Ele passou no teste: sua adaptação do conto fantástico de F. Scott Fitzgerald foi reconhecida no Oscar (11 indicações) e terminou elogiada por quase todo mundo. Mas não é bem tudo isso. O diretor adota um tom que, se não cai no melodrama fácil, chega a ser apático em muitos momentos. O filme dura mais do que deveria e Brad Pitt nem fede, nem cheira.

Pete Docter, Bob Peterson

6 Up
Up, Pete Docter e Bob Peterson

Houve quem decretasse que essa seria a melhor animação da Pixar. Outros que se os diretores tivessee parado aqui ou ali, o filme seria uma obra-prima, mas a verdade é que Up tem sequências belíssimas em seus primeiros minutos, outras em seus momentos finais, mas em cerca de uma hora é uma aventura simples e básica que não tem metade da sofisticação de um Wall-E.

Ari Folman

5 Valsa com Bashir
Waltz with Bashir, Ari Folman

A ideia geral que se estabeleceu é de que Valsa com Bashir é um documentário. E, a partir disso, como é feito em forma de animação, um documentário inovador, inteligente, alternativo. Há que se dizer que existem belas cenas, sim. No entanto, Folman, como outros diretores de animações sérias, adultas ou confessionais, peca por contar essa história em animação, sem explorar as possibilidades do suporte. Para completar, o diretor se utiliza se imagens “reais” para encerrar o longa. É como se ele dissesse ao espectador: ‘olha, você viu um desenho, mas eu estava falando sério’. Decepcionante.

Matheus de Souza

4 Apenas o Fim
Apenas o Fim, Matheus Souza

Será que citar o Super Mario Bros., a Vovó Mafalda e mais uns 7 quilos e meio de referências representa uma geração? Será que fazer um filme de D.R., todo no bate-papo, basta para ser comparado à nostalgia sóbria de um Antes do Pôr-do-Sol ou ao repertório de experiências dos filmes do Domingos Oliveira? Bem, o longa do Matheus Souza é imensamente simpático, fácil e gostoso de assistir, só não é a salvação do cinema nacional. No mínimo uma pausa para respirar e dar umas risadinhas.

Stephen Daldry

3 O Leitor
The Reader, Stephen Daldry

O Leitor me fez sair do cinema certo de que vi um dramalhão de quinta, que ainda tem a audácia de querer ser um filme importante, se apoiando num tema que abala geral, o Holocausto. Melhor seria ter parado no soft porn dos primeiros minutos, mas Stephen Daldry resolve levar a fundo sua trama maniqueísta, abarrotada de clichês e com um pequeno grande mistério mais fácil de se descobrir do que o Geninho no final do desenho da She-ra. A cena final, que pretende encerrar o filme com chave de ouro, ajuda a afundar tudo. E Kate Winslet, convenhamos, está caricata e mal maquiada.

Quem Quer Ser um Milionário?

2 Quem Quer Ser um Milionário?
Slumdog Millionaire, Danny Boyle

Uns vêem um filme maniqueísta, um romance piegas, água-com-açúcar, com montagem de videoclipe para cooptar que vê muita televisão e dono de uma temática étnica oportunista. É uma visão exagerada, mas mais exagerada ainda é a opinião daqueles que acham que este filme uma pequena obra-prima, a primeira do mundo globalizado, com a Índia infestando Hollywood, uma odisséia de bom coração pronta para conquistar pela simplicidade, pureza e “fé”. É um trabalho agradável, competente como entretenimento, mas raso, bobo, e, apenas, bonitinho – e não passa disso. Não merecia nenhum dos inacreditáveis oito Oscars que ganhou, apesar de que não há pecado algum em se fazer uma love story pop, né?

James Cameron

1 Avatar
Avatar, James Cameron

Eu gosto de Avatar, mas a revolução que sua campanha de marketing anuncia há meses e meses não esconde o que sua trama tem de ingênua, clichê e velha. Este é um filme de mensagem como há muito tempo não se via. James Cameron nos convida a preservar o meio-ambiente, respeitar as diferenças étnicas e religiosas e as tradições, lutar pelos mais fracos. O mesmo homem que inventou esse arsenal todo de novidades também nos ensina que os bons são bons e os maus são maus, que existe um certo e um errado, que se a gente continuar agindo contra a Mãe Natureza, ela vai se voltar contra nós.

Comentários

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132 comentários sobre “Top 10: filmes mais superestimados de 2009”

  1. olha, gostei bastante e concordei basicamente com tudo, sinceramente tive vontade de comentar pq ri muito lendo alguns comentários dos leitores, a realidade é q a lista tá excelente, ainda meio q procurei algo que pudesse discordar rs, e fico no máximo me questionando sobre o maniqueísmo em “o leitor” mas fora isso achei tudo bastante coerente.

  2. De certa forma concordo com alista,mas achei a eascolha de quem quer ser um milionário muito infeliz !
    E acho que deveria entrar nessa lista o filme 2012 ,e ainda entre os 5 primeiros.

  3. Só não concordo com UP e o Apenas o Fim. Os dois são muito, mas muito bons mesmo. Merecem todos os elogios.
    O “Quem quer se rum milionário” é realmente uma droga. O livro até que é bacana, mas o longo é decepção do início ao fim (nem da tal dancinha nos créditos eu gostei).

  4. HUAHUAHAUHAUAA

    Talita, francamente. Se tu precisas apelar pra frases como “saia das fraldas” então é muito claro que tu NÃO ENTENDEU o que eu quis apontar.

    Não, o roteiro de “Avatar” não é nada novo nem maravilhoso. O que eu estou apontando é que ESSA é uma das maiores falhas do filme. Ele poderia ser praticamente todo refeito como uma história da época em que os espanhóis chegaram e massacraram os maias, que não mudaria absolutamente NADA! Eu apontei uma dúzia de vezes que a animação é extremamente bem feita e que o filme É BONITO SIM, mas que não tem nada de revolucionário nisso.

    Eu babo meu próprio ovo porque tenho propriedade pra fazer isso. Eu já fiz, e VI, histórias muito mais bonitas, muito mais surreais, muito mais bem-trabalhadas em termos de roteiro. “Humildade” é a “virtude” de quem não tem a capacidade, persistência, força de vontade ou talento pra se erguer acima da sua própria mediocridade. Eu procuro melhorar a cada dia, e sou EXTREMAMENTE crítico comigo mesmo – e por isso mesmo mais crítico ainda com os outros.

    Repito: Avatar é um filme bonito. Só não vá no cinema esperando um orgasmo mental.

    Por sinal: Crepúsculo não prometia nada exceto ser uma merda desde o começo, então foi por isso que não entrou nessa lista. Mas acho que tem espaços melhores pra criticar meta-humanos metrossexuais com problemas alimentares feitos de purpurina.

  5. Complementando, eu acho que não ha como Avatar ter sido superestimado sendo que sua grande promessa, e que foi cumprida, era a tecnologia usada e os efeitos especiais e não a historia que para alguns foi ruim.

  6. Eu acredito que todo filme que tenha uma grande campanha publicitaria e gere muita expectativa sempre sera considerado por alguns como superestimado, simplesmente pelo fato de que não ha como agradar a todos.
    No caso de Avatar que eu vi e me apaixonei, considero o melhor do ano, acredito que apesar da trama cliche apresenta uma forma nova e fantastica de contar uma historia que talvez antes não tenha causado tanto impacto. Admiro no filme o modo como ele conseguiu ser simples e ao mesmo tempo surpreendente e como James Cameron conseguiu compor uma trama tão fascinante e rica em detalhes e diferentes elementos com uma formula que de outro jeito não teria dado tão certo. Respeito sua opinião, mas para mim Avatar foi tão exepcional quanto as caracteristicas que lhe foram atribuidas e em momento algum foi superestimado.

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