TELEFONE SEM FIO

A estréia de Paulo Morelli divaga pela comunicação, mas nem sabe balbuciar

Viva Voz é um filme de plástico; não tem gosto de nada. Um produto tipicamente paulista, feito para alcançar um padrão de comédia moderna, atual, internacional – um filme que poderia ter sido feito em qualquer país do mundo. Com esse princípio globalizado, o que mais faz falta à comédia de estréia de Paulo Morelli é justamente uma particularidade – qualquer uma. A produção, bem cuidada, mostra a assinatura da 02. O elenco traz globais do segundo escalão, alguns bons atores (como Dan Stulbach, Graziella Moretto e Betty Goffman). Mas o roteiro não ajuda, não anima. Morelli propõe uma trama simpática que passeia pelo fenomenal clichê de expor os vícios da sociedade brasileira (ou não) atual: corrupção, pequenos golpes, traição, falta de escrúpulos. Sem sucesso. É raso em todas suas tentativas. O pior é que o filme não funciona nem quando não há pretensão. Triste destino o das comédias sem graça. As artimanhas narrativas – e de texto – do filme são fáceis e óbvias, apesar de apostarem numa aura cool e descolada. A montagem moderninha e o humor sarcasticozinho tentam dar o tom, mas não dá certo: o resultado é pasteurizado, como a fotografia desbotada do longa. Um pastiche de todas as comédias urbanas atuais, sejam norte-americanas ou européias.

VIVA VOZ

Viva Voz, Brasil, 2004.

Direção, Produção e Montagem: Paulo Morelli.

Roteiro: Marcio Alemão, baseado em argumento de Paulo Morelli.

Elenco: Dan Stulbach, Viviane Pasmanter, Graziella Moretto, Luciano Chrolli, Kiko Mascarenhas, Fábio Herford, Otávio Martins, Betty Goffman, Genésio de Barros, Ernani Moraes, Paulo Gorgulho, Supla.

Fotografia: Luís Branquinho. Direção de Arte: Cláudia Briza. Música: Paul Mounsey. Figurinos: David Parizotti. Site Oficial: http://www2.uol.com.br/bvi/vivavoz

nas picapes: Waterfall, The Stone Roses.

Comentários

comentários

Um pensamento sobre “Viva Voz”

  1. Chico,
    amo suas críticas e a uso como referência para o que verei e até para o que comprar e não tenho me arrependido e confesso a satisfação em perceber o quanto sou seletiva e gostar do que realmente é bom se tratando da sétima arte. Obrigada sempre. Gostaria que vc comentasse sobre “The Song of the Sparrows”. Parece-me poético e interessante até onde pude ver do trailler, gostaria sinceramente, da sua opinião..bj obrigada

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